sábado, 27 de junho de 2009

Helô Pinheiro: A consagrada Garota de Ipanema por Vinicius e Tom

Por Carla Gonçalves e Flavia Aloy



E foi uma moça de apenas 15 anos cheia de luz e de graça, do tom de pele dourada, que passava diariamente em frente ao bar Veloso, Ipanema, que fazia os poetas suspirarem.Esta era Heloisa Eneida Menezes Pinto, que fazia ambos se derreterem com o balanço de seu andar. E durante 3 anos, os compositores a observaram de longe, quando passava pelo cruzamento de Montenegro e Prudente de Moraes, ao encontro da praia de Ipanema.

Foi assim, mediante à olhares discretos entre uma cervejinha e outra, que a garota, mais conhecida como Helô Pinheiro, se tornou a musa de inspiração da canção “ Garota de Ipanema” (clique e assista). Esta canção, que a princípio não tinha musa, se chamava menina que passa, mas a letra nada lembra a garota “...vinha cansado de tudo, de tantos caminhos, tão sem poesia, tão sem passarinho, com medo da vida, com medo de amar...”. Somente com surgimento de Heloisa, que a letra ganhou melodia, brilho sendo reproduzida de forma tão fascinante. Foi em sua casa em Petrópolis, que Vinicius mostrou a letra à Tom, que a musicou na sua residência na Barão da Torre.

Finalmente em 65 a canção foi lançada. Para eles, Helô era o paradigma do broto carioca, tornando – a conhecida pelo mundo inteiro como a querida Ipanema, porem esta, só descobrira 2 anos e meio mais tarde, já com namorado, que teria sido a fonte de inspiração da canção. “ Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro” disse Vinicius. Assim, Garota de Ipanema ultrapassou fronteiras, ganhando a atenção mundo a fora, tornou-se a mais famosa da bossa nova e MPB sendo esta uma das canções mais executadas do planeta.

Sua admiração foi tamanha, conquistou ícones da música e foi interpretada por Frank Sinatra, Madonna, e a diva do jazz Ella Fitzgerald, alem do próprio Tom e João Gilberto.“ Se não fosse Garota de Ipanema, que fiz com Vinicius e gravei com Sinatra, a essa altura eu estaria fazendo jingles para a televisão e pagando papagaio em bancos” disse Tom , referindo-se a seu maior sucesso comercial.
A canção foi gravada cerva de 40 vezes no Brasil e nos Estados Unidos.

Com o sucesso de Tom e Vinicius, outros parceiros entraram em cena, porem a amizade durou até a morte do poeta em julho de 1980 “ dizem que é comum a briga entre parceiros. Acho que eu e Vinicius quebramos esse tabu. Há anos fazemos muitas concessões. E, quando chegamos à conclusão que alguma coisa não pode ser, nenhum dos dois se aborrece.” Concluiu Tom Jobim.

Números e conquistas à parte, o que valeu foi a importância que teve da “menina que vem e que passa”. “ O cara para de tomar um chopp e olha para a garota, não é? É claro que quando a gente fez, não pensou em nada disso. A gente só via a garota passar, o Vinicius era casado, eu era casado e a garota que passava por ali, era muito jovem”. “Nem cantávamos para ela quando passava, primeiro porquê não podia tocar violão no botequim (..) Nossa atitude era bem discreta. Inclusive, a garota era filha de um general do SNI. Mas nós não sabíamos disso. Nós estávamos ali por causa do chopp, não é?”, lembrou Tom em uma entrevista.

E foi assim, em um simples bar, entre gelados chopps, que visualizaram a menina que era um misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça que consagrou e deu a origem à apoteose poética e musical do voyeurismo de boteco carioca “Garota de Ipanema”.

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