O nome deste aconchegante bar já foi escrito de muitas maneiras. Vilarino, Vilariño, Villariño, Vilarinho e por ai vai. Mas a placa, próximo a porta não esconde seu verdadeiro nome: Villarino. E lá está desde sua inauguração em 1953. Na entrada, o Villarino é uma mercearia, com comestíveis e acepipes finos e bebidas importadas. Um canto cheio de bossa. Mais ao fundo, algumas mesas, onde o uísque é a bebida mais pedida. E numa destas mesas deu-se um encontro histórico: O encontro do maestro maior, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim com o diplomata e poeta Vinícius de Moraes.
Foto:Poetinha Vagabundo
Não faltam histórias engraçadas naquela simpática esquina. Quem afirma isso é a atual administradora do bar, Stela Nava, nora de Antonio Vasquez, atual proprietário do bar, que começou como copeiro no estabelecimento e está lá até hoje. Vasquez inclusive chegou a servir Vinícius algumas vezes.
Situado nas proximidades do aeroporto, na esquina da Avenida Calógeras com Presidente Wilson, o Villarino era um dos pontos preferidos de intelectuais, jornalistas, poetas e artistas. Muita gente aparecia por lá em busca de novas amizades, muitos artistas em início de carreira. A região vivia em ebulição com redações de jornais, gravadoras e editoras nas imediações. Na década de 50, muitos dos artistas que freqüentavam o bar, deixaram em suas paredes marcas de seu talento e algumas obras. Di Cavalcanti fazia desenhos por lá. Ary Barroso escreveu as primeiras notas de Aquarela do Brasil em uma daquelas mesas sagradas. Era gente da mais alta qualidade, bebedores profissionais.
Volta e meia passava por lá um rapaz chamado Tom Jobim, que saia de seu trabalho na gravadora Odeon, em busca de carona ou apenas esperando horário mais tranqüilo, para fugir do transito e pegar condução de volta à Zona Sul. E em 1956, talvez no outono, e não no verão como consta na placa colocada junto à entrada do bar, o poeta Vinicius de Moraes, recém chegado de Paris, contava aos amigos Lúcio Rangel e Haroldo Barbosa, numa mesa do Villarino, as novidades sobre a peça que queria encenar. Vinicius pensava em adaptar para o ambiente dos morros e das favelas cariocas o mito grego de Orfeu.
Com o texto pronto e premiado, o Poeta precisava de quem fizesse as músicas da tragédia carioca Orfeu da Conceição. Vadico, compositor e parceiro de Noel Rosa, o primeiro a ser consultado, declinou o convite por achar a tarefa muito árdua. Por coisas do destino, ou não, pouco importa, numa mesa do Villarino, Lúcio Rangel sugeriu o nome do pianista Antonio Carlos Jobim, então com 29 anos, a Vinicius de Moraes. Os dois já se conheciam, mas ainda não eram amigos e tinham uma relação cordial e nada mais. Foi Marcado o encontro. Tom Jobim com sua pasta de arranjador ouviu de Vinicius uma detalhada explicação sobre a peça Orfeu da Conceição e de como imaginava a música. De Tom Jobim, preocupado com o leite do dia a dia e o difícil início de carreira e com as contas que venciam aos borbotões, ouviu-se somente a seguinte frase: “Tem um dinheirinho nisso?” Lucio Rangel, perplexo e desnorteado, ainda tentou consertar: “Mas Tom, como é que você ousa falar com o poeta sobre dinheiro numa hora destas.”
Começava ali a histórica parceria de Tom e Vinicius, numa mesa do hoje quase sessentão, Villarino. Tom Jobim já morava no famoso imóvel da Rua Nascimento e Silva, 107, em Ipanema e dentre as inúmeras músicas de Orfeu, estava o sucesso “Se Todos Fossem Iguais a você”. Uma parceria que começou numa mesa de bar e deu origem a Bossa Nova, e como testemunha as paredes do Villarino e alguns sortudos da época.
Já nos anos 60, o proprietário do Villarino, aborrecido com o que considerava uma sujeirada nas paredes, mandou pintar tudo de preto. Anos depois, tentaram recuperar as preciosidades que jaziam sob a pintura miliciana. Várias fotos de época ainda mostram um pouco do que ficou soterrado debaixo da atitude tresloucada do antigo proprietário. Ainda é possível ver o contorno de uma mulata feito por Di Cavalcanti junto ao grande painel colado numa parede mais ao fundo do Bar. Na foto, à esquerda está Lúcio Rangel, à direita de Vinicius, o pequeno Pedro, filho do poetinha. Em pé à direita, o poeta Paulo Mendes Campos, e logo abaixo dele, o radialista Fernando Lobo.
Uma boa dica para quem quer saber mais da história do Villarino é o Livro: À Mesa do Vilarinõ, de Fernando Lobo, pai de Edu Lobo, pela editora Record. Está esgotado, mas é possível garimpar em algum sebo da cidade. E se você estiver pelo centro do Rio, não perca a oportunidade, junto umas moedas, sente numa mesa do bar e beba um uisquinho em homenagem a dupla. E se quiser ouvir boas histórias procure a sempre simpática Stela, administradora do bar, que tem algumas preciosidades no arquivo pessoal do bar.
Está é uma clássica foto do Bar Villarino, já citada em posts anteriores, inclusive. Vinicius está com seu filho, Pedro, ao seu lado, no centro da foto.
Não faltam histórias engraçadas naquela simpática esquina. Quem afirma isso é a atual administradora do bar, Stela Nava, nora de Antonio Vasquez, atual proprietário do bar, que começou como copeiro no estabelecimento e está lá até hoje. Vasquez inclusive chegou a servir Vinícius algumas vezes.
Situado nas proximidades do aeroporto, na esquina da Avenida Calógeras com Presidente Wilson, o Villarino era um dos pontos preferidos de intelectuais, jornalistas, poetas e artistas. Muita gente aparecia por lá em busca de novas amizades, muitos artistas em início de carreira. A região vivia em ebulição com redações de jornais, gravadoras e editoras nas imediações. Na década de 50, muitos dos artistas que freqüentavam o bar, deixaram em suas paredes marcas de seu talento e algumas obras. Di Cavalcanti fazia desenhos por lá. Ary Barroso escreveu as primeiras notas de Aquarela do Brasil em uma daquelas mesas sagradas. Era gente da mais alta qualidade, bebedores profissionais.
Tom, Vinicius e Villarino - a parceria
Volta e meia passava por lá um rapaz chamado Tom Jobim, que saia de seu trabalho na gravadora Odeon, em busca de carona ou apenas esperando horário mais tranqüilo, para fugir do transito e pegar condução de volta à Zona Sul. E em 1956, talvez no outono, e não no verão como consta na placa colocada junto à entrada do bar, o poeta Vinicius de Moraes, recém chegado de Paris, contava aos amigos Lúcio Rangel e Haroldo Barbosa, numa mesa do Villarino, as novidades sobre a peça que queria encenar. Vinicius pensava em adaptar para o ambiente dos morros e das favelas cariocas o mito grego de Orfeu.
Com o texto pronto e premiado, o Poeta precisava de quem fizesse as músicas da tragédia carioca Orfeu da Conceição. Vadico, compositor e parceiro de Noel Rosa, o primeiro a ser consultado, declinou o convite por achar a tarefa muito árdua. Por coisas do destino, ou não, pouco importa, numa mesa do Villarino, Lúcio Rangel sugeriu o nome do pianista Antonio Carlos Jobim, então com 29 anos, a Vinicius de Moraes. Os dois já se conheciam, mas ainda não eram amigos e tinham uma relação cordial e nada mais. Foi Marcado o encontro. Tom Jobim com sua pasta de arranjador ouviu de Vinicius uma detalhada explicação sobre a peça Orfeu da Conceição e de como imaginava a música. De Tom Jobim, preocupado com o leite do dia a dia e o difícil início de carreira e com as contas que venciam aos borbotões, ouviu-se somente a seguinte frase: “Tem um dinheirinho nisso?” Lucio Rangel, perplexo e desnorteado, ainda tentou consertar: “Mas Tom, como é que você ousa falar com o poeta sobre dinheiro numa hora destas.”
Começava ali a histórica parceria de Tom e Vinicius, numa mesa do hoje quase sessentão, Villarino. Tom Jobim já morava no famoso imóvel da Rua Nascimento e Silva, 107, em Ipanema e dentre as inúmeras músicas de Orfeu, estava o sucesso “Se Todos Fossem Iguais a você”. Uma parceria que começou numa mesa de bar e deu origem a Bossa Nova, e como testemunha as paredes do Villarino e alguns sortudos da época.
Villarino e as paredes de "luto"
Já nos anos 60, o proprietário do Villarino, aborrecido com o que considerava uma sujeirada nas paredes, mandou pintar tudo de preto. Anos depois, tentaram recuperar as preciosidades que jaziam sob a pintura miliciana. Várias fotos de época ainda mostram um pouco do que ficou soterrado debaixo da atitude tresloucada do antigo proprietário. Ainda é possível ver o contorno de uma mulata feito por Di Cavalcanti junto ao grande painel colado numa parede mais ao fundo do Bar. Na foto, à esquerda está Lúcio Rangel, à direita de Vinicius, o pequeno Pedro, filho do poetinha. Em pé à direita, o poeta Paulo Mendes Campos, e logo abaixo dele, o radialista Fernando Lobo.
O renomado livro de Fernando Lobo
Uma boa dica para quem quer saber mais da história do Villarino é o Livro: À Mesa do Vilarinõ, de Fernando Lobo, pai de Edu Lobo, pela editora Record. Está esgotado, mas é possível garimpar em algum sebo da cidade. E se você estiver pelo centro do Rio, não perca a oportunidade, junto umas moedas, sente numa mesa do bar e beba um uisquinho em homenagem a dupla. E se quiser ouvir boas histórias procure a sempre simpática Stela, administradora do bar, que tem algumas preciosidades no arquivo pessoal do bar.
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