sábado, 27 de junho de 2009

Vinicius em cada um

Por Alexandre Vasconcellos & Yana Campos




Essa matéria contém depoimentos sobre o significado de Vinicius de Moraes ainda hoje na vida das pessoas, que foram abordadas na Facha (Campus 1) e arredores. No entanto, fomos pegos de surpresa pela opinião de um menino de rua na rua Farani, que não conhecia o Poetinha, mas curiosamente se interessou em participar.

Um bar muito além do cardápio

Combinação perfeita de gastronomia, boemia e muitas histórias.

Por Raquel de Póvoas, Victor Deveza, Cristiane Campos, Marcos Renkert



O “Garota de Ipanema” não é um bar apenas conhecido por servir deliciosos petiscos de frutos do mar, ele é berço e faz parte da história da música de mesmo nome que ainda hoje é uma das mais ouvidas no mundo. Antes mesmo de ganhar o seu nome atual o bar já era freqüentado por personalidades como Vinicius de Moraes que, ao observar uma bela moça passar todo dia em frente ao bar para ir à praia compôs “Garota de Ipanema”, música esta que emprestou seu nome ao então chamado bar Veloso.


Foto: Marcos Renkert

Adonias Teixeira (foto acima), garçom de longa data do “Garota de Ipanema”, em uma conversa para o Blog da Banheira, diz que Vinicius de Moraes costumava chegar antes do bar abrir, por volta das nove e meia da manhã e que sempre estava rodeado de ilustres amigos como o presidente do Hospital de Ipanema, oficiais da


Marinha e cantores, dentre os quais Tom Jobim, Miúcha e Chico Buarque.Pessoa bem-humorada, afirma Adonias, Vinicius almoçava com os funcionários e não hesitava em falar com seus admiradores.”O que consumia era por conta da casa e seu forte era mesmo Whisky”, comenta o garçom descontraído. O bar naqueles tempos não era muito grande.Hoje ele ocupa a esquina da rua Vinicius de Moraes com a Prudente de Moraes.

Fachada Bar Garota de Ipanema
Foto: Marcos Renkert

O bar recebe muitos jornalistas, brasileiros e estrangeiros, que vão a busca de relatos sobre Vinicius, a garota de Ipanema Helô Pinheiro e outras pessoas que marcaram a história da música brasileira.Cheio de fotografias, artigos de jornal e outros objetos que remetem à Bossa Nova, o “Garota de Ipanema” ainda conserva a mesa onde Vinicius sentava para beber com os amigos e compor suas músicas.



Mesa onde Vinicius de Moraes costumava sentar
Foto: Marcos Renkert

Não é de se estranhar que o bar seja freqüentado por turistas do mundo inteiro, afinal, nele os clientes podem somar o prazer da boa culinária brasileira à oportunidade de voltar no tempo e reviver um pouco do que foi a grande época da música e da poesia do nosso eterno “Poetinha”.


Vinicius e sua banheira: juntos até o fim

Por Richard Szames, Gabriela Siciliano Masini e Carlos Vinicius Moura

Foto: Brasil Fashion News

O leitor deve estar se perguntando o motivo que levou o blog em questão a se chamar ‘A banheira do Vinicius’. Pois bem, o post a seguir foi escrito exatamente com o intuito de explicar nos mínimos detalhes essa relação tão forte entre o poetinha, personagem marcante da rica história cultural brasileira, e sua inseparável banheira, localizada em sua casa, no bairro carioca da Gávea.

Vinicius de Moraes tinha como canto principal e mais querido de sua casa a banheira. Isso mesmo. Para o poetinha, não existia algo tão bom quanto o inusitado local para ler, refletir e pinçar as mais diversas inspirações para suas belas e eternas obras. Nela, Vinicius também concedia entrevistas quando se sentia dominado pela preguiça, e assim fazia ao lado do sempre indispensável copo de uísque, o seu melhor amigo, "um cachorro engarrafado" como costumava dizer.

- A banheira era uma verdadeira tara de Vinícius. Por várias vezes cheguei em sua casa e ele estava tomando alguma bebida ou lendo deitado naquela banheira – nos conta João Anibal Pinto Santana, de 88 anos, que após conhecer Vinícius de Moraes em Botafogo, bairro da zona sul carioca, estreitou forte amizade e, ao lado do poeta, vivenciou momentos inesquecíveis.

Entretanto, a tão esperada inspiração para os poemas e composições musicais jamais seria obtida caso algumas ‘medidas de segurança’, termo mais apropriado, não fossem tomadas. Para Vinicius, não se tratava de uma banheira qualquer, daquelas que vivem tão somente cheias d’água, mas um ambiente para o exercício pleno do intelecto, um refúgio, ou melhor, o seu verdadeiro local de trabalho.

As manias, ou talvez meras necessidades do poeta, começavam pelas torneiras. Vinicius não se sentia a vontade sem que estivessem inclinadas sempre na mesma direção, para que o singelo fio de água quente o acalmasse e o de água fria o mantivesse aceso. Evidentemente, não era isso que o faria produzir obras para a história, que marcariam época na cultura nacional, e sim a sua genialidade, que falava mais alto, refletida na voz clara e inteligente de suas obras imortais.

Genialidade esta sintetizada nas palavras de João Aníbal, nosso entrevistado:
- Vinícius era genial. Certa vez estávamos andando pela Rua São Clemente, em Botafogo, por volta das 20 horas e inventamos de tocar violão na calçada. Pois bem, quando nos deparamos, havia mais de 20 pessoas cantando conosco. Foi sensacional. As regalias do poetinha não terminavam por aí. Ora, se dali saíam versos tão complexos e criativos, quem ousaria criticá-lo? A tampa do ralo deveria, obrigatoriamente, ficar um pouco aberta para permitir a renovação da água, como um pensamento, ou melhor, como os próprios caminhos da vida.

Deve-se atentar para a complexidade dos elementos da banheira de Vinicius. Significavam não apenas manias de um poeta, mas sim a abertura de seus horizontes, para um mundo essencialmente abstrato e ao mesmo tempo tão real.

O ‘escritório alternativo’ de Vinicius se tornava completo com a mesa improvisada, que não passava de uma simples tábua apoiada nas bordas da banheira, onde ele punha os livros e todo o material utilizado.
Em contrapartida, a bela história da banheira, que tantos frutos rendeu, termina com um trágico final.

O mesmo palco das grandes inspirações ou simplesmente das refeições diárias que davam força para o poetinha seguir além, serviria para pôr um ponto final ou uma vírgula em sua vida, que segue até hoje não só materializada em suas obras, como também no imaginário popular. O dia nove de julho de 1980 marcaria a morte de Vinicius e o derradeiro suspiro do poeta ocorreria justamente em sua tão querida banheira. Quisera o destino que esta imortal figura brasileira, marcada por um inigualável amor à vida, a deixasse no berço de suas magnifícas composições.


Durante a madrugada, Vinicius de Moraes veio a falecer após sentir-se mal. O poeta compunha a trilha do programa infantil Arca de Noé, da Rede Globo, e após alegar cansaço, dirigiu-se ao seu canto predileto para tomar um banho. Para a tristeza de seus familiares, fãs e admiradores, lá não resistiu, sendo vencido pela dificuldade em respirar, causada por um edema pulmonar agudo. Seu parceiro e amigo pessoal Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do álbum, juntamente a sua última esposa, Gilda Mattoso, tentou socorrê-lo, mas não houve tempo.

Soneto de Fidelidade e da inspiração

Por Anderson de Souza, Cecília Marella, Larissa Siqueira e Louise Biral


Publicado no livro "Antologia Poética" em 1960, pág. 96, o “Soneto de Fidelidade” ficou eternizado em nossos corações. Vários idiomas declamaram essa poesia .Percebemos que essa obra artística tornou-se a preferida quando o assunto é Vinicius de Moraes.“Figurinha carimbada” em questões de vestibulares e também em muitos casos substitui o, até então exaltado, “até que a morte nos separe” pelo “ que seja infinito enquanto dure”.


Trecho do poema Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Morais, foi pichado em um muro da cidade de Granada, Espanha
Foto: Blog do Noblat

Soneto de fidelidade
(Vinicius de Moraes)


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama larla
Mas que seja infinito enquanto dure

O soneto não embelezou somente obras literárias. Em 2001, a industria de perfumes Avon lança a "Coleção Mulher e Poesia - por Vinicius de Moraes", com as fragrâncias "Onde anda você", "Coisa mais linda", "Morena flor" e "Soneto de fidelidade".

Perfume Soneto da Fidelidade
Fonte: O Povo

Inconstante no amor (seus biógrafos dizem que teve, oficialmente, nove mulheres), um dia foi questionado pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, Poetinha, quantas vezes você vai se casar?". Num improviso de sabedoria, Vinicius respondeu: "Quantas forem necessárias."

Em 2006, é lançado o filme “Vinicius” dirigido por Miguel Faria Jr. No filme a responsabilidade de recitar o soneto consagrado do poeta fica com a atriz Camila Morgado.





Video: Caverna Vinicius

No mesmo ano a família do autor do Soneto de Fidelidade veta a inclusão da música, de mesmo título, no cd de Jorge Vercilo. A interpretação feita pelo cantor era de mera singularidade.


Em 2007, a joalheria “Amsterdam Sauer” lançou a coleção Vinícius de Moraes em comemoração aos seus 65 anos. As jóias eram grafadas com trechos do Soneto de Fidelidade.




Foto: Amsterdam Sauer - Coleção Vinicius de Moraes

Helô Pinheiro: A consagrada Garota de Ipanema por Vinicius e Tom

Por Carla Gonçalves e Flavia Aloy



E foi uma moça de apenas 15 anos cheia de luz e de graça, do tom de pele dourada, que passava diariamente em frente ao bar Veloso, Ipanema, que fazia os poetas suspirarem.Esta era Heloisa Eneida Menezes Pinto, que fazia ambos se derreterem com o balanço de seu andar. E durante 3 anos, os compositores a observaram de longe, quando passava pelo cruzamento de Montenegro e Prudente de Moraes, ao encontro da praia de Ipanema.

Foi assim, mediante à olhares discretos entre uma cervejinha e outra, que a garota, mais conhecida como Helô Pinheiro, se tornou a musa de inspiração da canção “ Garota de Ipanema” (clique e assista). Esta canção, que a princípio não tinha musa, se chamava menina que passa, mas a letra nada lembra a garota “...vinha cansado de tudo, de tantos caminhos, tão sem poesia, tão sem passarinho, com medo da vida, com medo de amar...”. Somente com surgimento de Heloisa, que a letra ganhou melodia, brilho sendo reproduzida de forma tão fascinante. Foi em sua casa em Petrópolis, que Vinicius mostrou a letra à Tom, que a musicou na sua residência na Barão da Torre.

Finalmente em 65 a canção foi lançada. Para eles, Helô era o paradigma do broto carioca, tornando – a conhecida pelo mundo inteiro como a querida Ipanema, porem esta, só descobrira 2 anos e meio mais tarde, já com namorado, que teria sido a fonte de inspiração da canção. “ Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro” disse Vinicius. Assim, Garota de Ipanema ultrapassou fronteiras, ganhando a atenção mundo a fora, tornou-se a mais famosa da bossa nova e MPB sendo esta uma das canções mais executadas do planeta.

Sua admiração foi tamanha, conquistou ícones da música e foi interpretada por Frank Sinatra, Madonna, e a diva do jazz Ella Fitzgerald, alem do próprio Tom e João Gilberto.“ Se não fosse Garota de Ipanema, que fiz com Vinicius e gravei com Sinatra, a essa altura eu estaria fazendo jingles para a televisão e pagando papagaio em bancos” disse Tom , referindo-se a seu maior sucesso comercial.
A canção foi gravada cerva de 40 vezes no Brasil e nos Estados Unidos.

Com o sucesso de Tom e Vinicius, outros parceiros entraram em cena, porem a amizade durou até a morte do poeta em julho de 1980 “ dizem que é comum a briga entre parceiros. Acho que eu e Vinicius quebramos esse tabu. Há anos fazemos muitas concessões. E, quando chegamos à conclusão que alguma coisa não pode ser, nenhum dos dois se aborrece.” Concluiu Tom Jobim.

Números e conquistas à parte, o que valeu foi a importância que teve da “menina que vem e que passa”. “ O cara para de tomar um chopp e olha para a garota, não é? É claro que quando a gente fez, não pensou em nada disso. A gente só via a garota passar, o Vinicius era casado, eu era casado e a garota que passava por ali, era muito jovem”. “Nem cantávamos para ela quando passava, primeiro porquê não podia tocar violão no botequim (..) Nossa atitude era bem discreta. Inclusive, a garota era filha de um general do SNI. Mas nós não sabíamos disso. Nós estávamos ali por causa do chopp, não é?”, lembrou Tom em uma entrevista.

E foi assim, em um simples bar, entre gelados chopps, que visualizaram a menina que era um misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça que consagrou e deu a origem à apoteose poética e musical do voyeurismo de boteco carioca “Garota de Ipanema”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Vinicius através do tempo

Por Mauricio Sangama

Levando em consideração os vinte e nove anos da morte do multiartista Vinicius de Moraes e movimentos comerciais de viés mais filantrópico que lucrativos chamados sebos, verifiquei a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado no que se pode entender de literatura que é consumida hoje em dia e o que pode ser considerado instrumentos de comunicação atemporais.
Fazendo uma pequena pesquisa a partir de um questionário simples foi visto que a relevância sine qua non das mais diversas obras relacionadas do artista, se tornaram mais que um lugar na estante e sim uma moeda de valor cultural para qualquer estabelecimento que disponibilize cultura e saber para os sedentos de obras antigas e valores em papel físico que não são tão mais valorizados pelos mais novos leitores de obras virtuais.

Foto: Mauricio Sangama

Apesar de passadas quase três décadas desde sua morte, inúmeros produtos como filmes, videografias, textos relidos e afins se misturam com suas obras antigas, gerando uma modernização para o público jovem e antenado que consome música e poesia em geral. O público que vai a busca das publicações em questão, não é apenas o contemporâneo do artista, pessoas acima de 60 anos, mas também leitores e curiosos que nasceram bem depois da morte do poeta, leitores de até 30 anos. Os materiais mais procurados pelos que frequentam os sebos vão de antologias poéticas até pequenas resenhas críticas do autor, rasgadas, mofadas e claro, usadas, condições mínimas necessárias para que estejam em um sebo.

Cheguei ao Lenorado da Vinci, conceituado sebo entre o grande número de iguais no centro da cidade do Rio de Janeiro, este já foi capa de revista, já mereceu notas em jornal e um sem número de matérias relacionadas. Conversando com um pouco com o dono do sebo, Silvio Guimarães Nascimento e descobri que livros e assuntos de décadas e até de séculos passados ainda são de interesse comum de muitos leitores jovens.

Importância de Vinicius de Moraes na cultura nacional

Silvio Guimarães Nascimento, proprietário do Leonardo daVinci
Foto: Mauricio Sangama

Em relação a Vinicius de Moraes ele declara:
“Vinicius tem total importância na história cultural brasileira, foi um homem que gerou conceito dentro das mais diversas artes, seja ela musical, literária e até teatral, além de navegar pelos mares políticos como diplomata.“Seus livros são do tipo que não ficam parados nas prateleiras; é muito complicado achar um livro agora para apresenta para você, existem encomendas de livros de mais de trinta anos de idade.” E conclui: “Gosto de suas obras porque refletem o sentimento e o amor, dificilmente lemos com tanta intensidade um autor brasileiro falar sobre amor nos dias modernos.”

O legado de Vinicius vai muito além de sua fama; suas obras e releituras, ultrapassou a linha do tempo e da razão e chegou ao século XXI com o fôlego de um jovem poeta. Se fizer uma pesquisa por grandes casas multimídias, o interessado poderá encontrar mais de 120 produtos relacionados ao artista que vão desde um simples CD de música, gravado de um LP de lançamento ano 1965, até álbuns completos, fornecendo DVDs, CDS e um livro. Sua família também sustenta uma pequena loja de antigas novidades em Ipanema, casualmente, na rua batizada com seu nome onde também se localiza o bucólico restaurante também com seu nome, onde, segundo reza a lenda, nasceu a música “Garota de Ipanema”.
Não há dúvidas, Vinícius vive!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Banheira FM

Por Rosbergue Alves da Rocha

A música sempre esteve presente na vida de Vinicius de Moraes. Sua avó materna e sua mãe eram pianistas, seu pai, além de escrever poesia, tocava violão. Em 1953, Vinicius compõe seu primeiro samba, “Quando tu passas por mim”, criando letra e música. Em Paris, em 1955, compõe uma série de canções de câmara junto do maestro Cláudio Santoro.

Mas é em 1956 que ocorre o encontro que viria a mudar os rumos da música popular brasileira: Vinicius convida Antonio Carlos Jobim para criar a trilha sonora de sua peça “Orfeu da Conceição”, dando início à parceria que ainda incluiria João Gilberto e daria origem à bossa nova.

Todos nós sabemos que Vinicius deu uma grande contribuição para nossa música brasileira. Pensando nisso, resolvemos contar um pouco sobre a sua trajetória no mundo da música, através de um programa radiofônico. O objetivo é contar uma história envolvendo o “Poetinha” e a música, passando pelos grandes sucessos de Vinicius.



Clique play e escute e Banheira FM. Caso não consiga ou queira escutar depois, clique aqui para download.

Locução de Rosbergue Rocha - Colaboração de Flávia Martins.

Poeta, Moça e Violão

Por Fernanda Venâncio e Soraya Moreno
Foto: http:\\www.biscoitofino.com.br

CD relançado pela gravadora Biscoito Fino

Desde que gravaram o primeiro disco juntos, em 1969, até o último, dez anos depois, Vinicius de Moraes e Toquinho fizeram 96 músicas e gravaram 19 discos. No início de 1973, época em que Vinicius se considerava ‘‘o branco mais preto do Brasil’’ e afirmava ser Toquinho ‘‘o fenômeno mais impressionante como violonista que conheceu no Brasil depois de Baden Powell’’, a dupla vivia uma fase das mais criativas. Foi quando fizeram um show especial com enorme sucesso no Brasil e no exterior. Estreou no dia 27 de fevereiro no Teatro Castro Alves, em Salvador, e se chamou Poeta, Moça e Violão. Dividindo o palco com eles, a cantora Clara Nunes, a grande sambista brasileira que, como Toquinho e Vinicius, era empresariada por Benil Santos, idealizador de Poeta, Moça e Violão.

Em depoimento concedido ao blog "Banheira do Vinicius", o experiente baterista Mário Negrão nos conta com detalhes como era dividir o palco com o “Vina”, Clara Nunes e Toquinho nesta turnê incrível. E nos presenteia com uma cópia do manuscrito que o poeta lhe escreveu.

“Foi incrível trabalhar com o Vinicius, eu, muito jovem tive o privilégio de participar dessa turnê. O Vina, como era carinhosamente chamado pelos músicos, era muito natural conosco. Não existia essa de estrelismo. Ele não precisava disso. Ele já era o Vinicius de Moraes. Este manuscrito ele gentilmente me deu, em nome da nossa amizade em abril de 1973, num show que realizávamos em Porto Alegre", conta Negrão.


Manuscrito do poetinha para seu colega de palco, o baterista Mário Negrão

Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha

Por Camila Camacho e Diego Kengen


Fonte: http://www.discosdobrasil.com.br/

Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha conseguiram transformar o enorme palco do Canecão numa aconchegante sala de visitas durante quase oito meses de apresentações que alcançaram limites de público e permanência jamais igualados até hoje naquela casa de espetáculos.

O show foi feito em tempo recorde. A idéia nasceu a partir do LP "Miúcha & Antônio Carlos Jobim", lançado no começo do ano de 1977. Em cima disso, o Mário Priolli, dono do Canecão, chamou Tom e Miúcha para fazerem um show lá, e convidou o Aloysio de Oliveira para cuidar da organização e da direção. O Aloysio mandou logo um recado, que achava uma loucura fazer um show só com Miúcha e Tom, baseado no sucesso do disco, que por mais sucesso que o disco fizesse, era um sucesso baseado na Zona Sul, e o Canecão é uma casa muito grande. Surgiu então a idéia de convidar Toquinho e Vinicius, e juntar as duas duplas. A preparação do show foi feita em duas semanas. Toquinho explica como foi desenrolado esse novelo: "Foi uma grande idéia a de formar as duas duplas, por todas as interligações que apresentavam. Aí, começamos a nos reunir para resolver o show, e aconteciam coisas impressionantes, uma verdadeira comédia. Então marcávamos encontro no Plataforma, grande churrascaria do Rio de Janeiro, para falar sobre o show. Começávamos a chegar às duas da tarde, mais ou menos. Aperitivos, vinha o almoço, e as bebidas continuavam. Ficávamos tocando violão, e só. Saíamos às sete da noite, e não se decidia nada. O Vinicius ficava na dele, não se intrometia. Para ele, tudo estava bom, tudo era lindo. Eu vi que não ia dar, pois ninguém entrava direto no assunto. Um dia, então, deixei minha posição bem clara, que Tom cantasse Corcovado, Garota de Ipanema, Água de beber, suas coisas mais conhecidas".

O show deu orgiem a um do LP – lançado pela Som Livre e gravado ao vivo, contendo os melhores momentos daquele show no Canecão. Tudo o que se fazia naquele palco não tinha nenhuma preocupação de inovar, surpreender ou espantar. No entanto, embasbacava. Havia ainda na retaguarda uma tremenda orquestra de sopros, metais e outros sons regida pelo maestro Edson Frederico. Integrando todo esse grupo musical, um coro feminino: as outras três irmãs Buarque de Holanda, Beth, filha de Tom, Aninha, que depois se casou com Tom, Olívia Hime e Georgiana, filha de Vinicius. "Tudo foi uma festa, desde o primeiro ensaio até o último dia. O Canecão lotado o tempo inteiro. Além disso, houve momentos de "canjas" antológicas.", conta Toquinho.

Claro que esse show não se limitou ao Canecão. Em fevereiro de 1978, realizou-se uma temporada de um mês em Mar del Plata, na Argentina. Depois, uma semana no Anhembi, em São Paulo, e, finalmente, o percurso pela Europa: mais de dez dias no Olympia de Paris, sendo que três dessas apresentações contaram com a participação de Baden Powell; uma noite no Palladium de Londres e o giro pela Itália, além de gravarem na Suíça um especial para a TV, considerado o melhor especial do ano. O espetáculo de despedida deu-se no dia 11 de outubro de 1978, em Firenze.

domingo, 21 de junho de 2009

Entrevista Exclusiva com Toquinho para Banheira


Foto: Site oficial Toquinho


Por Barbra Richard, George Barros, Mariana Camacho e Paloma Sarmento


O paulistano Toquinho (Antonio Pecci Filho) foi um dos muitos parceiros musicais do carioca Vinícius. Durante onze anos os dois compuseram mais de 100 músicas, gravaram 25 discos e se exibiram em mais de 1000 shows pelo Brasil, Américas e Europa. Apesar da diferença de idade (33 anos), a parceria entre ambos foi de muita afinidade e compreensão, sendo, talvez a parceria mais duradoura que Vinícius manteve em sua carreira.

A dupla foi pioneira na produção de trilhas sonoras para novelas de televisão como "O Bem Amado" para a TV Globo nos anos 70, além gravar dois discos de músicas infantis, inspirados em alguns poemas do livro de Vinícius, Arca de Noé.
Cantor, compositor e instrumentista, Toquinho compôs mais de duzentas músicas, muitas vezes em parceria com grandes nomes da MPB, como Jorge Benjor (Que Maravilha), Paulinho da Viola (Caso Encerrado) e Chico Buarque (Samba de Orly e Samba pra Vinícius).

Em entrevista exclusiva, por email, para A Banheira do Vinícius, Toquinho nos brindou com algumas histórias da sua parceria com o poetinha.

BANHEIRA DO VINICIUS: O início da parceria entre vocês, de acordo com diversas fontes, é controverso. Algumas dizem que o encontro se dá na Itália, durante seu exílio com Chico. Outras, em período anterior a este, em que sua mãe recebeu um telefonema do próprio Vinícius. Como se deu este primeiro contato afinal?
TOQUINHO: Nem um nem outro. Esse e outros episódios sobre minha carreira podem ser encontrados de uma forma autêntica no livro “Toquinho - 40 Anos de Música”, escrito por meu irmão, João Carlos Pecci, com relatos que juntam depoimentos meus, na íntegra. Em 1969, no último mês de minha permanência na Itália, ao lado de Chico, participei da gravação de um disco (“La vita, amico, é l’arte dell’incontro”) em homenagem a Vinicius de Moraes. Acabei gravando esse disco nos últimos dias em que fiquei por lá. O Bardotti (Sérgio Bardotti, produtor italiano) me chamou para completar o que já tinha sido feito com Sérgio Endrigo, o poeta Ungaretti e o Vinicius de Moraes. Faltava um violão que servisse de fundo para algumas poesias e algumas músicas. Eu fiz então esse alinhavo musical com meu violão. Voltei para o Brasil. Até aí, tinha estado com Vinicius umas duas ou três vezes, de passagem, um cumprimento, nem conversamos nem nada. Mas claro que ele já sabia de mim. Alguns meses depois, ao ouvir aquele disco, Vinicius ficou impressionado com os solos de violão. Por coincidência, havia marcado uma temporada de shows em Buenos Aires junto com Maria Creuza, e, precisando de um violonista, me convidou para ir com eles. Isso aconteceu em maio de 1970, quando ele ligou para casa e minha mãe atendeu. “É o Vinicius de Moraes”, ela me disse. Eu não acreditava. E era mesmo!

B.V.: Qual a inspiração para compor “A Tonga da Mironga do Kabuletê” ? Foi uma forma velada de protestar contra o regime militar?
T.: É um xingamento em nagô. Fizemos essa música no final de 1970, uma época especialmente cruel com a liberdade de tantos brasileiros. Vinicius estava casado com a baiana Gessy. Um dia, ela chegou dizendo que soubera daquela expressão em nagô e traduziu para nós. Achamos o som das palavras interessante e resolvemos usá-la para mandar muita gente pra Tonga da Mironga do Kabuletê. Mereciam.

B.V.: De acordo com a biografia “Vinícius, O Poeta da Paixão”, escrita por José Castello, a parceria de vocês era vista pelos universitários dos DCEs como uma oposição à oposição (ex. Tropicalismo). A proposta inicial era essa, ou de difundir uma nova proposta musical num país regido pela ditadura militar?
T.: Algumas de nossas músicas revelam uma visão social expressada por um simbolismo inteligente e poético. Não fazíamos oposição a nada, apenas criamos canções caracterizadas por uma simplicidade sofisticada, sem fugir do lugar-comum. Acontece que, diante das intrincadas e indefinidas tendências musicais da época, essas canções apareciam como música nova. Daí o título de nosso primeiro disco: “Música Nova...” Na realidade, o que fizemos foi resgatar raízes importantes da música brasileira. Minha melodia, calcada de uma certa maneira na Bossa Nova, e a letra de Vinicius, que voltava com fome poética de cantar o amor e o humano com a paixão que sempre fizera. A novidade era que essas canções podiam ser entendidas e cantadas de uma forma agradável e harmoniosa. As pessoas haviam se desacostumado dessa beleza simples e fácil de assimilar.

B.V.: Como você se sentia com esse Vinícius que, à época, se apresentava em circuitos universitários? Como era lidar com um Vinícius impulsivo, que um dia fora um diplomata, e agora freqüentava circuitos universitários, cercado por estudantes?
T.: Apesar da diferença de idade, Vinicius se mostrava tão jovem quanto eu. A parceria deu certo porque houve uma troca determinante: ele precisava da experiência da minha juventude; e eu, da juventude da experiência dele. Enfim, doamos a cada um o vigor que cada um precisava. Fomos os pioneiros dos Circuitos Universitários, e os estudantes vibravam diante da junção de duas gerações (eu, 23; ele, 56) que ofereciam a eles a aproximação com canções renovadoras e estimuladoras. Além de poder estar perto e dialogar abertamente com um poeta incansável na defesa do amor e da paixão em todos os sentidos.


Foto: Site oficial Toquinho

B.V.: Nessa mesma época de shows no meio estudantil, a imagem que era passada era a de um Toquinho classe média, bem comportado, que parecia destoar da realidade daquele Vinícius e dos jovens que cercavam a você e a ele. Como foi esse período pra você?
T.: Meu comportamento sempre foi muito saudável, antes e depois da convivência com Vinicius. Procurando ir ao encontro da vida, e não de encontro a ela. E Vinicius fazia isso também. Em tudo o que fazíamos, colocávamos a vida sempre na frente da arte, divertíamos-nos muito com as obrigações profissionais, tornando-as leves e prazerosas. Enfim, éramos ardilosos requintados, tanto nos bastidores quanto no palco de nossas existências.

B.V.: Dos circuitos universitários à produção de trilhas sonoras para a TV Tupi e TV Globo. Esta, inclusive, estreava sua primeira novela a cores “O Bem Amado” com toda a trilha composta por você e assinada também pelo Vinicius. Como foi essa transposição? O que os levou a essa mudança tão radical?
T.: Não houve nenhuma mudança radical, apenas a continuidade de um trabalho musical. Fomos os pioneiros também nas trilhas de novelas, cujas músicas valorizaram sobremaneira os roteiros e se transformaram em LPs de grande sucesso, como seqüência normal de nossas carreiras.

B.V.: Durante a parceria entre vocês, qual era a relação de Vinícius com os antigos parceiros musicais, como Tom Jobim, Baden Powell e Francis Hime? E a sua relação (se existia) com eles?
T.: Vinicius sempre esteve próximo de seus parceiros, mesmo depois de extinta a parceria, mantendo com eles uma amizade constante. Com isso, eu também me aproximava deles, os quais foram meus ídolos no início de minha carreira, e com os quais acabei mantendo até uma relação de trabalho, me tornando também muito amigo deles. Em 1977, trabalhamos juntos no memorável show do Canecão, no Rio de Janeiro, Tom Jobim, Vinicius, Miúcha e eu. Depois viajamos com o show para a Europa, onde, em Paris, Baden também participou do espetáculo. E Vinicius era sempre o astro maior, em torno do qual circulavam as demais estrelas.

B.V.: Uma frase de Vinícius tem grande repercussão até hoje: “São Paulo é o túmulo do samba”. Sendo você paulistano e parceiro de Vinícius, como lidava com isso? O que o poeta quis realmente dizer com essa declaração?
T.: Essa frase teve uma repercussão desmedida. Fizeram dela muito tamborim para pouco carnaval. Foi dita numa boate. Vinicius, revoltado com um grupo de pessoas que falavam alto e atrapalhavam a apresentação de Johnny Alf, insurgiu-se contra eles, a favor do talento e da música que estavam sendo desrespeitados. Nada mais do que isso. Jamais quis se referir aos compositores ou ao povo paulistano.

B.V.: Você estava na casa quando da morte de Vinícius. Como tudo aconteceu?
T.: Na época, eu fazia um show no Rio, com Francis Hime e Maria Creuza, e estava hospedado na casa do Vinicius. Naquela noite, ficamos conversando, só nós dois, até de madrugada, cantando músicas e recordando passagens de nossas vidas. De manhã, às sete horas, a empregada bateu na porta de meu quarto, gritando. Vinicius estava na banheira, passando mal. Quando cheguei perto dele, ele estava desacordado, respirava pouco. Tentei chamá-lo, reanimá-lo, ele não respondia. Chamei por uma ambulância, mas quando o médico chegou, ele já estava morto. Foi meio desesperador. Depois agradeci a Deus por ter me escolhido para passar com ele os últimos momentos de sua vida.

B.V.: Qual o legado de Vinícius para as novas gerações de artistas? Ele ainda é lembrado hoje da forma com a qual você acredita que o poeta deveria ser lembrado? E para você, quais as recordações da parceria com ele?
T.: Vinicius continua vivo, pois sua poesia e sua música são imortais. Cada vez mais celebrado em shows, em filmes, em trilhas de novelas e até em publicidades. Os momentos mais marcantes foram aqueles que acentuaram nossa amizade. Tenho saudade do Vinicius dos papos noturnos, das mesas de restaurantes, do uisquinho da tarde, das viagens inesquecíveis. Aprendi muito com ele, que me fez evoluir profissional e pessoalmente.

Vaguradista Dupla Face

Por Raisa Carlos de Andrade, Kelly Costa & Carolina Gomes


Vinícius de Moraes não se encaixava nas definições da poesia moderna brasileira. Talvez ele não coubesse no mundo, estava além. A singularidade e a simplicidade deram-lhe carinhosamente o termo "Poetinha". Esse, aquecia a vida com paixões, uísque, arte e buscava o charme das moças que transitavam pelas praias da zona sul carioca. Além de poeta, um bon vivant, gênio em tudo que se propunha.

Era um dependente da paixão e da busca pelo amor eterno. Chegar ao fim da vida passando por nove casamentos não era uma glória. Entre um relacionamento e outro, o poeta mergulhava em uma profunda melancolia. Psiquiatras de hoje definiriam isso como transtorno bipolar. Tal lado da alma já era notado nos seus dois primeiros livros: “O caminho para a distância” e “Forma e exegese”, escritos antes de seus 20 anos. Ainda jovem, analisava criticamente a existência humana com sensibilidade elevada. “Não nego que existe um Vinicius alegre, um homem gentil e sedutor, sempre em estado de paixão com a vida. Mas existe também seu avesso, e isso só não enxerga quem não quer. Na verdade, os dois Vinicius são o mesmo Vinicius. Era ele quem dizia “Se eu fosse um só, não me chamaria Vinicius de Moraes, mas Vinício de Moral”. “ diz José Castello *, autor da biografia Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixão.

Em Poemas Esparsos, o mais recente volume da coleção das obras do poeta editada pela Companhia das Letras, as areias de Copacabana e as mocinhas de Botafogo saem de cena para dar lugar a temas fortes como sexo, morte e culpa. Inspirado pela dor e pelo prazer, inegavelmente havia alí uma pessoa intensa, traduzida o tempo todo em sua obra. O poeta habitava em suas contradições, os paradoxos que cercaram sua vida o diferenciavam e o caracterizavam como um homem de personalidade forte e, definitivamente, verdadeiro em tudo que fazia. Sua sinceridade era tamanha que ele “nunca temeu esconder sua imperfeição ao contrário, dela fez matéria de sua poesia genial” conta o biógrafo.

Ele, que sempre foi inquieto, desejava muitas coisas ao mesmo tempo, o que produzia uma insatisfação quase que permanente. Em meio a toda essa turbulência de querer tudo, fez de tudo, produziu uma obra vasta e por que não multifacetada. Encaixá-lo na poesia moderna não representa necessariamente engrandecê-lo. A extensão de Vinícius de Moraes está dentro dessa multiplicidade, na coragem de experimentar linguagens incomuns e fugir à regra, excluir dogmas ou seja lá como for: indiscutivelmente moderno.


* Para ter acesso a entevista de José Castello na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Gilda, a última estrela do Poetinha

Por Carolina Bellardi, Diego Veríssimo, Eliane Rabello, Manuela Motta e Patrícia Marinho

Quando percebia que a paixão por sua mulher chegara ao fim, Vinicius de Moraes não perdia tempo. Ia embora, sem discussões ou brigas, e depois mandava uma de suas filhas recolher suas roupas e documentos da casa da ex.

Última das nove esposas que teve durante a vida, Gilda tinha 25 anos e Vinícius 63, quando começaram a namorar. Ficaram juntos pouco mais de dois anos, antes da morte do poeta. Em entrevista por vídeo, concedida ao Blog Banheira do Vinicius, Gilda revela que, para ela, sem dúvida, se casou com um príncipe, com seu ídolo.

Em seu apartamento no Rio de Janeiro, a hoje assessora de imprensa conta casos e histórias que viveu ao lado de Vinicius de Moraes. Atualmente, Gilda faz o trabalho de assessoria de Gilberto Gil e Preta Gil, além de Maria Rita, Gal Costa, Cacá Diegues, Jobim Trio e Claudia Leitte. Além dos casos vividos com o poeta, ela também conta sobre a amizade que acaba fazendo com seus assessorados.

Vídeo: 1ª parte



Vídeo: 2ª parte



Vídeo: 3ª parte

domingo, 14 de junho de 2009

Gessy Gesse, a paixão baiana de Vinícius de Moraes

Por Marcia Glenadel e Maria Helena Avena


A primeira vez que Vinicius de Moraes viu Gessy Gesse foi numa pizzaria no Leblon, no Rio, em 1969. Ele, carioca, já era um dos maiores poetas brasileiros e um dos pais da Bossa Nova. Ela, atriz do Cinema Novo baiano, estava na companhia da cantora Maria Bethânia e de outros conterrâneos que moravam na capital carioca.

Depois de receber um recado (que guarda até hoje) com o número do telefone de Vinicius, Gessy ouviu de Bethânia: “O poeta está apaixonado por você”. Esperto, Vinicius combinou com todos que estavam à mesa com a atriz que, aos poucos, saíssem do restaurante e deixassem Gessy sozinha. E foi assim que ele, aos 56 anos, conquistou a bonita morena de 31, de ascendência índia e portuguesa.

A história de amor com Gessy Gesse começou com Vinicius ainda casado com Cristina Gurjão, grávida de cinco meses e abandonada pelo poeta, encantado pela baiana Gessy, que se tornou sua sétima mulher.

Em 1969, Vinicius e Gessy se casam no Uruguai e, em 1973, na Bahia, em um ritual cigano, e não em uma cerimônia no terreiro de Mãe Menininha de Gantois, como muitos pensam. Após o casamento, Vinicius decidiu construir uma casa em Itapuã. As obras foram iniciadas em 1974, com projeto de Jamison Pedra e Sílvio Robatto. O cômodo mais singular da casa de seis quartos era o banheiro da suíte do poeta com banheira com vista para o mar.


Hoje, a casa de Itapuã foi incorporada ao Mar Brasil Hotel, e, em frente a ela, foi construída uma praça com uma estátua de bronze do poeta sentado em uma mesa de bar, como ele gostava de estar.

Cada novo amor inspirava o poeta, e com Gessy Gesse não foi diferente. Para ela, ele compôs as músicas Morena Flor, Regra Três e Samba de Gesse, além do “Soneto de Luz e Treva”.
Gessy Gesse terminou de escrever um livro que conta episódios acontecidos ao longo dos sete anos que viveu com o Poetinha. Vinicius, o homem que eu amei está sendo negociado com editoras e não se sabe quando será lançado.

Confiram abaixo, o depoimento de uma das repórteres, que teve o privilégio de ser vizinha do casal e uma entrevista com Gessy Gesse, clicando aqui.

UMA PAIXÃO BAIANA, COM AS BÊNÇÃOS DO SENHOR DO BONFIM
*depoimento de Maria Helena Avena, soteropolitana radicada no RJ, que foi vizinha do Poetinha e de Gessy Gesse na terra da Baía de Todos os Santos. Saravá!

Tudo o que acontece na vida tem uma razão e um dia. Com certeza descobrimos o porquê de termos vivido ou experienciado aquele fato ou acontecimento. Eis que agora tenho a oportunidade de falar sobre fatos que ocorreram, nos idos de 1970, quando eu morava em Salvador, no bairro, cantado belamente pelo poeta Vinicius, de Itapuã ou, como também se escreve, Itapuan. O baiano é de fato singular, até na grafia.

Àquela época, eu morava na Rua J e era vizinha de Juca Chaves. A casa de Vinicius e Gessy Gesse ficava a cerca de um quarteirão, em frente ao Farol de Itapuã. O bairro era conhecido como “dos artistas” e muitos deles estiveram por lá morando ou veraneando (como se diz lá na terrinha).

Itapuã era uma grande aldeia e todos se conheciam e frequentavam praticamente os mesmos lugares. Uma grande festa “democrática”. Um dia, em festa na casa de um amigo do bairro, que conhecia todos (como, aliás, é característica do baiano, se enturma fácil), tive o privilégio de encontrar a Gessy Gesse, uma pessoa super simpática e charmosa. A primeira vez que a vi, ela ainda não era casada com Vinicius e, como é normal nas reuniões por lá, todos se enturmam com todos e quem não se conhece vira verdadeiro amigo de infância do outro rapidamente, é só perguntar: “– De que família você é?”, e pronto: desfilam imediatamente nomes os mais diversos e de repente você vira até parente do até então desconhecido.

Algum tempo depois soube, por esse mesmo amigo, que a Gessy tinha conhecido o Vinicius e os dois namoravam apaixonadamente. E como era esperado do poeta, casou-se com a Gessy e se mudaram pra essa casa de Itapuã.

Pouco tempo depois recebi um telefonema desse amigo, avisando que a Gessy tinha convidado todo o grupo, daquela festa, para a celebração de inauguração da nova casa, onde iria morar com Vinicius. Fomos todos e foi muito especial. Havia pessoas conhecidas de todo o Brasil, além dos amigos baianos; uma farra! Conhecemos a casa toda, que ficava em meio a um terreno de esquina, e tinha (àquela época) os muros baixos e um belo jardim. Era uma casa de dois pavimentos, e o que achei de mais curioso foi o banheiro do casal, onde havia uma banheira enorme em frente a uma grande janela de vidro que permitia uma visão panorâmica da praia (para poder olhar o mar, pois Vinicius não ia à praia jamais).

A imensa banheira era rodeada por um pequeno bar, uma mesa para sua máquina de escrever e cadeiras. Segundo dizia o povo, enquanto Vinicius tomava longos banhos de imersão recebia os amigos naquele local e conversavam tranquilamente. Excentricidade dos mestres... Ele costumava dizer, em roda de amigos, que ali era um local onde se inspirava para compor suas mais belas canções.

O casal estava de fato apaixonadíssimo; todos notavam isso e como Vinicius mesmo dizia: “que seja infinito enquanto dure”. Com certeza ele viveu essa paixão intensamente, bebendo-a até a última gota, com um velho calção de banho e todo o dia pra vadiar, em frente ao um mar que não tem tamanho, olhando um arco-íris no ar e falando de amor pra sua paixão baiana, em Itapuã.

Vilarino, Vilariño, Villariño, Vilarinho

Por Thiago Tavares & Raphael Raposo

O nome deste aconchegante bar já foi escrito de muitas maneiras. Vilarino, Vilariño, Villariño, Vilarinho e por ai vai. Mas a placa, próximo a porta não esconde seu verdadeiro nome: Villarino. E lá está desde sua inauguração em 1953. Na entrada, o Villarino é uma mercearia, com comestíveis e acepipes finos e bebidas importadas. Um canto cheio de bossa. Mais ao fundo, algumas mesas, onde o uísque é a bebida mais pedida. E numa destas mesas deu-se um encontro histórico: O encontro do maestro maior, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim com o diplomata e poeta Vinícius de Moraes.

Foto:Poetinha Vagabundo
Está é uma clássica foto do Bar Villarino, já citada em posts anteriores, inclusive. Vinicius está com seu filho, Pedro, ao seu lado, no centro da foto.


Não faltam histórias engraçadas naquela simpática esquina. Quem afirma isso é a atual administradora do bar, Stela Nava, nora de Antonio Vasquez, atual proprietário do bar, que começou como copeiro no estabelecimento e está lá até hoje. Vasquez inclusive chegou a servir Vinícius algumas vezes.

Situado nas proximidades do aeroporto, na esquina da Avenida Calógeras com Presidente Wilson, o Villarino era um dos pontos preferidos de intelectuais, jornalistas, poetas e artistas. Muita gente aparecia por lá em busca de novas amizades, muitos artistas em início de carreira. A região vivia em ebulição com redações de jornais, gravadoras e editoras nas imediações. Na década de 50, muitos dos artistas que freqüentavam o bar, deixaram em suas paredes marcas de seu talento e algumas obras. Di Cavalcanti fazia desenhos por lá. Ary Barroso escreveu as primeiras notas de Aquarela do Brasil em uma daquelas mesas sagradas. Era gente da mais alta qualidade, bebedores profissionais.


Foto: Qype
Fachada do quase sessentão Villarino


Tom, Vinicius e Villarino - a parceria

Volta e meia passava por lá um rapaz chamado Tom Jobim, que saia de seu trabalho na gravadora Odeon, em busca de carona ou apenas esperando horário mais tranqüilo, para fugir do transito e pegar condução de volta à Zona Sul. E em 1956, talvez no outono, e não no verão como consta na placa colocada junto à entrada do bar, o poeta Vinicius de Moraes, recém chegado de Paris, contava aos amigos Lúcio Rangel e Haroldo Barbosa, numa mesa do Villarino, as novidades sobre a peça que queria encenar. Vinicius pensava em adaptar para o ambiente dos morros e das favelas cariocas o mito grego de Orfeu.

Com o texto pronto e premiado, o Poeta precisava de quem fizesse as músicas da tragédia carioca Orfeu da Conceição. Vadico, compositor e parceiro de Noel Rosa, o primeiro a ser consultado, declinou o convite por achar a tarefa muito árdua. Por coisas do destino, ou não, pouco importa, numa mesa do Villarino, Lúcio Rangel sugeriu o nome do pianista Antonio Carlos Jobim, então com 29 anos, a Vinicius de Moraes. Os dois já se conheciam, mas ainda não eram amigos e tinham uma relação cordial e nada mais. Foi Marcado o encontro. Tom Jobim com sua pasta de arranjador ouviu de Vinicius uma detalhada explicação sobre a peça Orfeu da Conceição e de como imaginava a música. De Tom Jobim, preocupado com o leite do dia a dia e o difícil início de carreira e com as contas que venciam aos borbotões, ouviu-se somente a seguinte frase: “Tem um dinheirinho nisso?” Lucio Rangel, perplexo e desnorteado, ainda tentou consertar: “Mas Tom, como é que você ousa falar com o poeta sobre dinheiro numa hora destas.”

Começava ali a histórica parceria de Tom e Vinicius, numa mesa do hoje quase sessentão, Villarino. Tom Jobim já morava no famoso imóvel da Rua Nascimento e Silva, 107, em Ipanema e dentre as inúmeras músicas de Orfeu, estava o sucesso “Se Todos Fossem Iguais a você”. Uma parceria que começou numa mesa de bar e deu origem a Bossa Nova, e como testemunha as paredes do Villarino e alguns sortudos da época.

Villarino e as paredes de "luto"

Já nos anos 60, o proprietário do Villarino, aborrecido com o que considerava uma sujeirada nas paredes, mandou pintar tudo de preto. Anos depois, tentaram recuperar as preciosidades que jaziam sob a pintura miliciana. Várias fotos de época ainda mostram um pouco do que ficou soterrado debaixo da atitude tresloucada do antigo proprietário. Ainda é possível ver o contorno de uma mulata feito por Di Cavalcanti junto ao grande painel colado numa parede mais ao fundo do Bar. Na foto, à esquerda está Lúcio Rangel, à direita de Vinicius, o pequeno Pedro, filho do poetinha. Em pé à direita, o poeta Paulo Mendes Campos, e logo abaixo dele, o radialista Fernando Lobo.

O renomado livro de Fernando Lobo


Uma boa dica para quem quer saber mais da história do Villarino é o Livro: À Mesa do Vilarinõ, de Fernando Lobo, pai de Edu Lobo, pela editora Record. Está esgotado, mas é possível garimpar em algum sebo da cidade. E se você estiver pelo centro do Rio, não perca a oportunidade, junto umas moedas, sente numa mesa do bar e beba um uisquinho em homenagem a dupla. E se quiser ouvir boas histórias procure a sempre simpática Stela, administradora do bar, que tem algumas preciosidades no arquivo pessoal do bar.

terça-feira, 9 de junho de 2009

União entre poetas paulista e carioca saúda a Tristeza


Adoniran Barbosa e Grupo Talismã cantando Bom Dia Tristeza

Por Barbra Richard, George Barros, Mariana Camacho e Paloma Sarmento


Autor de uma das músicas mais tocadas e gravadas no mundo, Garota de Ipanema, o carioca Vinícius também possui ligação com o samba de São Paulo. O paulistano Adoniran Barbosa, conhecido, principalmente, por sucessos como Trem das Onze e Saudosa Maloca, foi um dos tantos parceiros do poeta. Os dois dividiram a autoria da música “Bom dia, Tristeza”, gravada pela primeira vez em 1957, pela cantora Aracy de Almeida.

Curiosamente, a parceria ocorreu mesmo sem terem se encontrado. O próprio Adoniran divertiu-se contando a Elis Regina, no programa No Fino da Bossa, em 1965.

Elis: Como é que você se tornou parceiro de Vinicius de Moraes sem sequer conhecê-lo?


Adoniran: Fácil, é fácil, fácil. A Aracy de Almeida, que é muito amiga dele (ele estava em Paris nessa ocasião, na UNESCO) recebeu uma carta dele e dentro da carta veio assim essa letra, dois versinhos, e dizia embaixo “Aracy, faça o que você quiser com esses versos”.


Elis: Então a Aracy pegou e deu pra você.


Adoniran: Então eu tava pertinho dela, não é? E ela era ligação minha, não é? Ela disse “Ô, Adoniran, bota a música aí”.


Elis: Quer dizer que a letra é de Vinicius de Moraes e a melodia é que é sua.
Adoniran: A letra é de Vinicius e a musiquinha é minha.

O encontro dos dois só aconteceu uma única vez, em 1979, após um show do Poetinha com Toquinho, no auditório da PUC, em São Paulo. Para Sérgio Rubinato, sobrinho de Adoniran que testemunhou, eles mal trocaram uma palavra. “Foi comunicação via olhos...”.

Segundo o livro “Adoniran: Dá licença de Contar”, de Ayrton Mugnaini Jr, Aracy de Almeida e Vinícius estavam no bar do Hotel Comodoro, em São Paulo quando esta pediu ao poeta que escrevesse um poema especialmente para ela. Vinicius escreveu “Bom dia, Tristeza” em minutos e deu o papel com o poema a Aracy, dizendo “Faça o que bem entender”. Alguns dias depois, na Rádio Record, onde Adoniran trabalhava, Aracy o desafiou a musicar o poema de Vinícius. Diz a esposa de Adoniran, Mathilde, que alguns dias depois, seu marido começou a assobiar e a melodia veio de repente.


Uma outra versão, mais polêmica, credita a autoria da melodia ao cantor e compositor Noite Ilustrada, que teria entregue a música pronta a Adoniran, gravada numa fita.
Vinícius nunca se pronunciou a respeito da discussão.


Bom dia, Tristeza
(Vinícius de Moraes & Adoniran Barbosa)

Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui, nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

domingo, 7 de junho de 2009

Ele viu a "Arca de Noé"

Por Jefferson Molina

Calma, leitor. A arca de Noé citada não é a das histórias bíblicas, e sim um poema de composição de Vinicius de Moraes, Toquinho e Ernst Nahle: "Sete em cores, de repente o arco-íris se desata. Na água límpida e contente do ribeirinho da mata". Quem viu a criação destes belos versos foi Fernando Uchôa, filho de Cristina Gurjão, uma das ex-mulheres de Vinicius. Hoje com 26 anos, ele concedeu entrevista ao blog, na qual falou sobre sua relação com o ex-poeta, os amigos que fez com o tempo de convivência e as últimas lembranças de Vinicius.

Convivência e lembranças


"Convivi com o Vinicius durante uma ano e meio praticamente. Na verdade ele teve um relacionamento com minha mãe, foi meu padastro, não me assumia como filho mas tinha um carinho por mim, me tratando às vezes como um filho dele. Na época em que me conheceu não convivíamos muito, mas foi melhorando com o tempo e ficou bem legal. Me lembro muito do apartamento onde morávamos, num bairro da zona sul aqui do Rio, sinto saudades".

Vinicius, a fama e os amigos


"A fama dele não atrapalhava de jeito nenhum a convivência. Era um bom pai, na medida do possível, mas não podemos esquecer que era um artista, poeta e diplomata. Não podemos esquecer que ser artista é uma característica inerente. Lembro dele declamando versos, por vezes sem fim, tirar partes, colocar partes. Conheci muitos amigos dele, como Tom Jobim, Carlinhos de Oliveira, Toquinho, Lila Bôscoli, Roniquibo e mais um punhado".

A banheira e os últimos momentos juntos

"Ele amava banhos de banheira, sentia-se totalmente à vontade dntro delas, era como se sua inspiração começasse alí. Infelizmente não me lembro bem a última vez que estive com Vinicius, sei que fui ver muitas vezes seu último show, 'Tom, Miucha, Toquinho e Vinicius', vi umas dez vezes ou mais, essas são as últimas lembranças".

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Estrela Solitária

Por Marcia Glenadel e Maria Helena Avena


Encontro de botafoguenses no Bar Villarino: Vinicius sorri à cabeceira da mesa; logo à esquerda na foto, está Lúcio Rangel; à direita de Vinicius, o pequeno Pedro, seu filho; em pé à direita, o poeta Paulo Mendes Campos; logo abaixo dele, o radialista Fernando Lobo. Atrás deles, estão os célebres desenhos na parede; marca registrada do Villarino.

Vinicius de Moraes teve nove mulheres, mas seu coração também abrigava o amor pelo clube Botafogo de Futebol e Regatas. Longe de ser um torcedor fervoroso ou de, literalmente, vestir a camisa, o Poetinha afirmava que: “No Rio, a formação da identidade, passa, também, pela eleição de um time de futebol. O poeta, fiel à sua infância, escolhe o Botafogo. Não frequenta os estádios. Não lê o noticiário esportivo. Não ouve as transmissões pelo rádio. Mas, se perguntarem seu time, afirma: ‘Botafogo’. Não se trata de uma paixão, mas de uma senha para a cidadania”. Para cada novo amor, Vinicius dedicava um poema ou música. Para o seu amor solitário, o poeta escreveu o poema “O anjo das pernas tortas”* e um depoimento a um certo Mr. Buster, a quem Vinicius conheceu em Los Angeles quando lá morou.

No entanto, não há registros aprofundados da faceta botafoguense de Vinicius. Sabemos do fato através do livro de Sergio Augusto: Botafogo – entre o céu e o inferno (Ediouro, 2004) e de referências a Vinicius em blogs de torcedores do clube. Na sede de General Severiano, inclusive, a memória documental se perdeu em um incêndio. Botafoguenses de todo o mundo, revoltai-vos!

Em Botafogo – entre o céu e o inferno, Sergio Augusto “escala” um dream team de artistas e intelectuais; confiram: Schmidt, Bilac e Vinicius; Paulinho, Sabino e Clarice; Glauber, Otto, Veríssimo, Ivan e Antonio Candido. Esclarecendo: Schmidt é o poeta e empresário Augusto Frederico Schmidt; Paulinho é o escritor Paulo Mendes Campos; Sabino é o Fernando, colega e conterrâneo de Mendes Campos; Clarice é a nossa Lispector; Glauber ... o Rocha!; Otto é o Lara Resende, jornalista e escritor; Veríssimo é ninguém mais ninguém menos do que o Luís Fernando; Ivan é o Lessa, também jornalista e escritor; e Antonio Candido, crítico literário de renome. E, claro: Vinicius é o de Moraes.

Quem diria o nosso Poetinha em um time desses, hem? Até Orson Welles, com quem Vinicius estudou cinema em Los Angeles, rendeu-se aos encantos do clube alvinegro quando esteve no Brasil para a filmagem de "It’s All True". Foi no Calabouço, na Festa da Mocidade, destinada a angariar fundos para a recém-criada UNE, que Welles começou a ser “catequizado” por Luiz Paes Leme (um dos fundadores da UNE). Sergio Augusto registra em seu livro (p. 41) que:

“Orson Welles não precisou ir a um campo de futebol no Rio para escolher o time de sua simpatia. Bastou-lhe o Calabouço. Do resto da catequese deve ter-se ocupado Vinicius de Moraes, que acompanhou o cineasta a tudo quanto é canto da cidade e com ele tomaria aulas de direção, em Los Angeles, no final dos anos 1940.”

Vinicius de Moraes foi também um homem de muitos amigos e parceiros. Paulo Mendes Campos e Lúcio Rangel eram botafoguenses. Tom Jobim e Chico Buarque, tricolores. Cyro Monteiro, flamenguista. Toquinho, corinthiano. Nem as diferenças de clubes abalaram as sólidas relações de amizade do Poetinha. Eis aí um exemplo para se curtir o futebol sem violência, além de um exercício de alteridade. Vinicius era generoso e, com certeza, ficaria feliz com a paz no esporte. Aos botafoguenses, parabéns por terem em seu rol de torcedores tão ilustre poeta, jornalista, diplomata; enfim, uma figura humana ímpar.



*O Anjo das Pernas Tortas


A um passe de Didi, Garrincha avança

Colado o couro aos pés, o olhar atento

Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.


Vem-lhe rápido o pressentimento; ele se lança

Mais rápido que o próprio pensamento

Dribla mais um, mais dois: a bola trança

Feliz, entre seus pés__ um pé de vento!



Num só transporte a multidão contrita

Em ato de morte se levanta e grita

Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: — Gooool!

É pura imagem: um "G" que chuta o "O"

Dentro da meta, um "L". É pura dança!


Vinícius de Moraes, 1962.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O melhor da música brasileira na Toca do Vinicius

Foto: Arquivo pessoal

Carlos Alberto Afonso, proprietário da TOCA DO VINICIUS, anuncia, na calçada da livraria, o 1º FESTIVAL DE VERÃO BOSSA NOVA - RIO, que realizou em fevereiro de 2009 e, a seguir, a tradicional festa de ANIVERSÁRIO DO RIO.

Por Carolina Bellardi, Diego Veríssimo, Eliane Rabello, Manuela Motta e Patrícia Marinho


A Toca do Vinícius é um espaço cultural, localizado em Ipanema, que reúne o melhor da música carioca. Em um ambiente descontraído e aconchegante, Bossa Nova, Samba e Choro marcam presença absoluta. Também conhecido como Templo da Bossa Nova, o local possui um espaço cultural dedicado à realização de eventos, onde acontecem palestras e exibição de vídeos. Na Toca também se encontra o Museu da Bossa Nova, que agrega tudo o que há de mais valioso do gênero musical. O visitante pode ainda assistir, uma vez por mês, shows públicos que acontecem na “Calçada da Fama” de Ipanema.

Carlos Alberto Afonso, ex-professor de literatura, é o responsável por este agradável patrimônio da música brasileira, que há mais de 15 anos encanta todos os admiradores da Bossa Nova. Autor do livro ABC de Vinicius de Moraes, lançado em 1991, Carlos, fala em entrevista ao Blog, como nasceu sua admiração por Vinícius e sobre a importância de homenagear grandes compositores que marcaram geração. Veja a seguir a entrevista com o proprietário da Toca.

BANHEIRA DO VINICIUS: Carlos, fale um pouco sobre o que é a TOCA DO VINICIUS e suas atividades.

CARLOS ALBERTO AFFONSO: A livraria TOCA DO VINICIUS foi fundada em 27 de setembro de 1993 com os objetivos de editar, publicar e/ou simplesmente comercializar livros, revistas, jornais e afins. Comercializar discos, cds e dvds e mídias audiovisuais em geral, além produtos artesanais nos diversos materiais (papel, tecido, madeira, vidro, cerâmica, ferro, etc. E comercializar instrumentos musicais.

Muito importante acrescentar que, por opção de projeto, a TOCA se dedica à música e privilegia a referência musical local (nas dimensões da Cidade e do Bairro), com especial ênfase sobre a Bossa Nova.

B.V: Como nasceu a idéia de criar um espaço cultural ?

C.A.A.: Tenho hereditária necessidade de me manter articulado, o mais amplamente possível, com a sociedade. O magistério foi este instrumento durante a maior parte de minha vida.
Penduradas as chuteiras da sala-de-aula, passei a construir um outro instrumento de articulação. Ronaldo Bôscoli me convidou para, juntos, fazermos a Casa da Bossa Nova, pois ele sabia que este era também meu desejo. Ronaldo adoeceu e pouco depois partiria. Eu toquei meu barco com uma cara mais pedagógica do que a que ele faria (certamente). Sei que ele aprovaria meu esforço, que começou pela livraria, vendendo um livrinho, um disquinho...e, pouco-a-pouco, avançando com o projeto sem quaisquer vínculos ou interferências. Tudo tão pessoal quanto a própria paixão geradora.

Através da livraria e, em torno dela, fui construindo um verdadeiro centro de referência da Bossa Nova. Em 2008, ano do cinqüentenário da Bossa, demos personalidade jurídica ao CRBN. A partir de então, todas as realizações informais da Livraria passam a constituir, formalmente, o material de trabalho do CRBN, em cujo Projeto a TOCA é a Livraria de Música. E pedra fundamental.

Se eu fosse um poeta, diria que a TOCA é MEU POEMA; se eu fosse um compositor, diria que a TOCA é MINHA CANÇÃO; se eu fosse músico, diria que a TOCA é MEU CONCERTO; sendo operário, eu digo que a TOCA é MINHA CONSTRUÇÃO.

Em 1994, a TOCA editou e publicou o livro do Centenário do Bairro: o excelente VILLA IPANEMA. E, no mesmo ano, meus filhos (pioneiros em tocar a TOCA) trouxeram à luz um Projeto em formato tablóide chamado JORNALZINHO. Um total de 10 edições, cada uma das quais dedicada a um ícone. RONALDO BÔSCOLI foi o número zero.
A TOCA editou e publicou também, na mesma época, um emocionado trabalho escrito pelo secretário do grande comandante da Bossa. Não abri mão de escolher o título : RONALDO BÔSCOLI : O SENHOR BOSSA NOVA.

B.V.:A Bossa Nova possui grandes nomes que marcaram época, por que homenagear Vinicius ?

C.A.A.: Seu espanto está cobertíssimo de razão. Minha própria visão ortodoxa de Bossa Nova sinaliza claramente, desde sempre, com a precedência de alguns nomes-arquitetos e até de alguns nomes-engenheiros da Bossa. Confesso para você o seguinte: na química desta decisão, houve uma forte carga emocional acumulada ao longo de muitos anos e multiplicada naquele 1993, pela insensibilidade do mercado... Enfim era momento de muita, muita emoção... Eu não teria dificuldade alguma para inventariar algumas razões objetivas para a escolha, mas o emocional, realmente, prevaleceu. Discorro fartamente sobre isso no livro que preparo para mais adiante. Antecipo, em suma, que aquele instante, quando criei a TOCA, era bem diferente dos nossos dias. E isto pode ser o ovo de Colombo, o óbvio que ninguém considera.

Minha circunstância era diferente e a circunstância Vinicius, completamente diferente de hoje. De tal forma queDigo prá você que, o nome Vinicius, para mim, não era uma homenagem, mas uma bandeira que este seu admirador levantou para responder ao ao mercado, em 1993. Tenho orgulho da decisão que tomei. Meus íntimos, também. E estiveram sempre ao meu lado nesta luta sem fim contra os moinhos. Uma luta em que só os quixotes e os moinhos não mudam de lado. Mas você tem toda razão: Bossa Nova é, antes e acima de tudo a música do músico. João Gilberto, Tom Jobim, Newton Mendonça, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Durval Ferreira, Maurício Einhorn, João Donato, Johnny Alf, Leny Andrade (que tem um instrumento na garganta) estão em mim, com Bôscoli comandando tudo e ainda arrumando tempo para escrever que o "RIO É SOL, É SAL, É SUL"... Mais Bossa que isso só no "FOTOGRAFEI VOCÊ NA MINHA ROLLEYFLEX"

B.V.: A escolha do endereço da Toca (Rua Vinicius de Moraes) foi proposital?

C.A.A.: Não. O primeiro alvará da TOCA foi no mesmo quarteirão em que estamos hoje, mas não na mesma rua. A TOCA nasceu como pessoa jurídica numa galeria da Visconde de Pirajá. E ali permaneceu durante os dois primeiros anos. Só em meados de 1995 é que a TOCA veio para a Rua Vinicius de Moraes. Tudo que queríamos era trocar a galeria pela rua. O resto foi oportunidade.

B.V.: Como conseguiu reunir um acervo tão rico sobre a música brasileira, especialmente sobre a Bossa Nova ?

C.A.A.: Pra início de conversa, a fórmula básica é ter legitimidade diante de quem te doa e coragem diante de quem te vende. Na verdade, meu acervo representa meu assunto : Bossa Nova + Ipanema + Rio. Algumas peças eu tive que comprar, inevitavelmente. Grande parte recebi como doação. Nenhuma dificuldade. O resultado mais do que lógico do trabalho e da legitimidade. Sei que ninguém me doaria uma camisa do rei Pelé (apesar de minha paixão por futebol). Em contrapartida, dificilmente alguém doaria o 78 RPM do Chega de Saudade para o Museu do Futebol, com toda a idoneidade que tenha (se existir).

B.V.: Que tipo de pessoas passam pela Toca e que tipo de material sobre a vida e a obra de Vinicius de Moraes está disponível?

C.A.A.: A TOCA é frequentada por amantes da música - especialmente da Bossa Nova, é claro - de todas as raças, credos, gerações e lugares. É meu instrumento de articulação com o segmento bossanovista da grande sociedade humana.

Agora, você, muito gentilmente, está me dando oportunidade para divulgação de minha pequena livraria. E eu te agradeço muitíssimo. Precisamos sempre desse tipo de ajuda, mas, a bem da verdade, a obra de/sobre Vinicius de Moraes está em toda e qualquer livraria da cidade.

B.V.:Fale um pouco sobre a Calçada da Fama de Ipanema.

C.A.A.: Outra paixão. Meu saudoso amigo Caio Mourão escreveu em seu PRATA DA CASA que eu era o único sujeito que gostava mais-que-ele da Calçada da Fama. Ela completa 40 anos agora em agosto de 2009. Para mim, é um dos mais representativos monumentos de Ipanema, pois o bairro é jovem (115 anos) e a Calçada da Fama de Ipanema reúne mãos centenárias, elas mesmas escultoras do próprio monumento. Neste momento, em 24 de maio de 2009, estamos na 75ª placa. Chegaremos a 100 placas. A linda estrutura do momumento é uma concepção do Arquiteto Paulo Casé.

B.V.: Você chegou a conhecer Vinicius pessoalmente ?

C.A.A.: Não. Jamais estive pessoalmente com Vinicius de Moraes. Eu o vi muitas vezes, na rua, no botequim, num restaurante, num show, mas nunca falei com ele. Muito mais tarde, quando li que ele se "livrava dos chatos, se desligando", eu pensei:"como foi bom não ter corrido esse risco". Acompanhei Vinicius a distância, mas sempre cuidadosamente. Entrei mais fundo na vida dele em 9 de julho de 1980. No dia de sua morte. Não esperava sentir como senti. Não esperava mesmo.

B.V: Ao longo de sua vida, Vinicius teve muitas faces: foi poeta, crítico de cinema, diplomata e etc. Dentre essas faces de Vinicius, há alguma que admira mais ?

C.A.A.: Vinicius de Moraes tem textos lindos, letras de canções fantásticas e histórias muito engraçadas. Gosto muito de tudo isso, mas a determinação dele - para mim - fez a diferença.

B.V.: Qual a importância de espaços culturais como a TOCA para a música brasileira e para os poetas e compositores da atualidade ?

C.A.A.: Toda livraria é um espaço cultural. A TOCA, sem dúvida, presta um importante serviço à cultura. Isto é público. Não tenho, entretanto, qualquer pretensão de cumprir este valioso papel junto aos novos valores. É imprescindível que se faça, mas está completamente fora de meu alcance. É preciso que alguém apareça. E rápido.

B.V.:Para você o que Vinicius de Moraes representa na história da música e da poesia brasileira?

C.A.A.: Amplio ao âmbito geral da cultura brasileira seu perfil de permanentemente atual, tal como reconheceram Mário de Andrade, que, diante de seu "TOMARA", se entusiasmou e o convidou para tomar de sua "CANINHA" e Sérgio Cabral, que ouviu dele um dos pioneiros usos de "BARATO" como sinônimo de muito bom. Eu tenho mais de um Poeta e mais de um Letrista. Mas ele foi o meu grande 'barato'.

B.V.: Atualmente, existe alguma programação especial na TOCA?

C.A.A.: Realizaremos o 2º ENCONTRO BOSSA NOVA - RIO em julho próximo.



Para conhecer esse incrível lugar, onde a música brasileira reina absoluta, a Toca do Vinícius fica na Rua Vinícius de Moraes,129/ loja C e o telefone é: 2247-5227. Você ainda pode visitar o site e o Blog Toca do Vinícius, basta acessar: www.tocadovinicius.com.br http://blogdatocadovinicius.blogspot.com para ficar por dentro de novidades e saber mais sobre o local e eventos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

As moradias de Vinicius

Por Anderson de Souza, Cecília Marella, Larissa Siqueira e Louise Biral

Na madrugada de 19 de outubro de 1913, em meio a um forte temporal, nascia, em uma casa na Rua Lopes Quintas, 114, Gávea, Rio de Janeiro, Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes. A casa era ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. Hoje, a casa não existe mais, foi demolida. Aos nove anos de idade, Marcos Vinitius, acompanhado da irmã Lygia, foi até o cartório da Rua São José, no Centro do Rio e alterou seu nome para Vinicius de Moraes.


Foto: Louise Biral

Em 1916, a família mudou-se para o bairro de Botafogo. Foram morar na casa de seus avós paternos, D. Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes, que ficava na Rua Voluntários da Pátria, 192. Atualmente, neste local, existe um prédio comercial.



Foto: Louise Biral

Em 1917, a família muda-se novamente. O destino é a Rua da Passagem, 100, ainda no bairro de Botafogo. Hoje, neste endereço, funciona a Escola Municipal João Saldanha.




Foto: Anderson de Souza

Ainda no ano de 1917, Vinicius e sua irmã Lygia ingressaram na escola primária Afrânio Peixoto, na Rua da Matriz, também em Botafogo, onde hoje é o Colégio Qi.


Foto: Louise Biral

Em 1919, a família transferiu-se para Rua da Passagem, 192, onde hoje funciona o prédio da Receita Federal. No ano seguinte, Vinicius de Moraes muda-se para a Rua Real Grandeza, 130. A estrutura foi mantida e, hoje, pode ser vista por todos.



Foto: Louise Biral

No bairro de Botafogo, a última residência na qual Vinicius morou foi um sobrado, na Rua Voluntários da Pátria, 195. Neste endereço, hoje, funciona uma lanchonete e uma clínica dentária.

Foto: Louise Biral

O ano de 1922 foi de despedida. Vinicius deixa o bairro de Botafogo e passa a viver na Praia de Cocotá, 109, Ilha do Governador, lugar onde o poeta passava suas férias. A praia foi aterrada em 1970, e hoje é chamado de Praia da Olaria.




Foto: Louise Biral

Mesmo não morando mais em Botafogo, a relação do poeta com o bairro continua intensa. Foi na Igreja da Matriz, localizada na Rua Voluntários da Pátria, onde em 1923, Vinicius fez a Primeira Comunhão.



Foto: Anderson de Souza

Em 1924, ele ingressou no curso secundário do Colégio Santo Inácio. Também localizado no bairro de Botafogo, na Rua São Clemente, 226.


Foto: Rafael Netto

Terminado os estudos secundários, foi a hora de pensar em que carreira seguir. Foi quando, em 1930, Vinicius ingressou na Faculdade de Direito do Catete. O prédio onde funcionava a faculdade passou a abrigar, em 1980, a UNE – União Nacional dos Estudantes. Hoje, o casarão não passa de ruínas.


Foto: CPO/RJ

Em 1931, ingressou no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva - CPOR, localizado na Avenida Brasil, 5292, bairro de Bonsucesso. Vinicius de Moraes finaliza o Curso de Oficial da Reserva em 1933.


Foto: Reino Unido Turismo

No ano de 1938, Vinicius é contemplado com a primeira bolsa de estudos do Conselho Britânico para estudar literatura inglesa na Universidade de Oxford.



Foto: Blog UFBA

Entre 1940 e 1964, Vinicius passou por São Paulo, Los Angeles, onde trabalhou com Vice-Cônsul, Paris, sendo Segundo Secretário da Embaixada e Montevidéu. Já em 1965, mudou-se para Rua Diamantina, 20, no Jardim Botânico. Em 1971, muda-se para Bahia, na Rua do Flamengo, 44, Farol de Itapuã, onde hoje se encontra o Hotel Mar Brasil. A antiga casa é acoplada ao hotel.



Foto: Louise Biral

Em 9 de julho de 1980, Vinicius de Moraes morreu, aos 66 anos, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, Rio de Janeiro, a mesma em que nasceu. Foi enterrado no cemitério São João Batista, que é sua atual morada.