sábado, 27 de junho de 2009

Vinicius em cada um

Por Alexandre Vasconcellos & Yana Campos




Essa matéria contém depoimentos sobre o significado de Vinicius de Moraes ainda hoje na vida das pessoas, que foram abordadas na Facha (Campus 1) e arredores. No entanto, fomos pegos de surpresa pela opinião de um menino de rua na rua Farani, que não conhecia o Poetinha, mas curiosamente se interessou em participar.

Um bar muito além do cardápio

Combinação perfeita de gastronomia, boemia e muitas histórias.

Por Raquel de Póvoas, Victor Deveza, Cristiane Campos, Marcos Renkert



O “Garota de Ipanema” não é um bar apenas conhecido por servir deliciosos petiscos de frutos do mar, ele é berço e faz parte da história da música de mesmo nome que ainda hoje é uma das mais ouvidas no mundo. Antes mesmo de ganhar o seu nome atual o bar já era freqüentado por personalidades como Vinicius de Moraes que, ao observar uma bela moça passar todo dia em frente ao bar para ir à praia compôs “Garota de Ipanema”, música esta que emprestou seu nome ao então chamado bar Veloso.


Foto: Marcos Renkert

Adonias Teixeira (foto acima), garçom de longa data do “Garota de Ipanema”, em uma conversa para o Blog da Banheira, diz que Vinicius de Moraes costumava chegar antes do bar abrir, por volta das nove e meia da manhã e que sempre estava rodeado de ilustres amigos como o presidente do Hospital de Ipanema, oficiais da


Marinha e cantores, dentre os quais Tom Jobim, Miúcha e Chico Buarque.Pessoa bem-humorada, afirma Adonias, Vinicius almoçava com os funcionários e não hesitava em falar com seus admiradores.”O que consumia era por conta da casa e seu forte era mesmo Whisky”, comenta o garçom descontraído. O bar naqueles tempos não era muito grande.Hoje ele ocupa a esquina da rua Vinicius de Moraes com a Prudente de Moraes.

Fachada Bar Garota de Ipanema
Foto: Marcos Renkert

O bar recebe muitos jornalistas, brasileiros e estrangeiros, que vão a busca de relatos sobre Vinicius, a garota de Ipanema Helô Pinheiro e outras pessoas que marcaram a história da música brasileira.Cheio de fotografias, artigos de jornal e outros objetos que remetem à Bossa Nova, o “Garota de Ipanema” ainda conserva a mesa onde Vinicius sentava para beber com os amigos e compor suas músicas.



Mesa onde Vinicius de Moraes costumava sentar
Foto: Marcos Renkert

Não é de se estranhar que o bar seja freqüentado por turistas do mundo inteiro, afinal, nele os clientes podem somar o prazer da boa culinária brasileira à oportunidade de voltar no tempo e reviver um pouco do que foi a grande época da música e da poesia do nosso eterno “Poetinha”.


Vinicius e sua banheira: juntos até o fim

Por Richard Szames, Gabriela Siciliano Masini e Carlos Vinicius Moura

Foto: Brasil Fashion News

O leitor deve estar se perguntando o motivo que levou o blog em questão a se chamar ‘A banheira do Vinicius’. Pois bem, o post a seguir foi escrito exatamente com o intuito de explicar nos mínimos detalhes essa relação tão forte entre o poetinha, personagem marcante da rica história cultural brasileira, e sua inseparável banheira, localizada em sua casa, no bairro carioca da Gávea.

Vinicius de Moraes tinha como canto principal e mais querido de sua casa a banheira. Isso mesmo. Para o poetinha, não existia algo tão bom quanto o inusitado local para ler, refletir e pinçar as mais diversas inspirações para suas belas e eternas obras. Nela, Vinicius também concedia entrevistas quando se sentia dominado pela preguiça, e assim fazia ao lado do sempre indispensável copo de uísque, o seu melhor amigo, "um cachorro engarrafado" como costumava dizer.

- A banheira era uma verdadeira tara de Vinícius. Por várias vezes cheguei em sua casa e ele estava tomando alguma bebida ou lendo deitado naquela banheira – nos conta João Anibal Pinto Santana, de 88 anos, que após conhecer Vinícius de Moraes em Botafogo, bairro da zona sul carioca, estreitou forte amizade e, ao lado do poeta, vivenciou momentos inesquecíveis.

Entretanto, a tão esperada inspiração para os poemas e composições musicais jamais seria obtida caso algumas ‘medidas de segurança’, termo mais apropriado, não fossem tomadas. Para Vinicius, não se tratava de uma banheira qualquer, daquelas que vivem tão somente cheias d’água, mas um ambiente para o exercício pleno do intelecto, um refúgio, ou melhor, o seu verdadeiro local de trabalho.

As manias, ou talvez meras necessidades do poeta, começavam pelas torneiras. Vinicius não se sentia a vontade sem que estivessem inclinadas sempre na mesma direção, para que o singelo fio de água quente o acalmasse e o de água fria o mantivesse aceso. Evidentemente, não era isso que o faria produzir obras para a história, que marcariam época na cultura nacional, e sim a sua genialidade, que falava mais alto, refletida na voz clara e inteligente de suas obras imortais.

Genialidade esta sintetizada nas palavras de João Aníbal, nosso entrevistado:
- Vinícius era genial. Certa vez estávamos andando pela Rua São Clemente, em Botafogo, por volta das 20 horas e inventamos de tocar violão na calçada. Pois bem, quando nos deparamos, havia mais de 20 pessoas cantando conosco. Foi sensacional. As regalias do poetinha não terminavam por aí. Ora, se dali saíam versos tão complexos e criativos, quem ousaria criticá-lo? A tampa do ralo deveria, obrigatoriamente, ficar um pouco aberta para permitir a renovação da água, como um pensamento, ou melhor, como os próprios caminhos da vida.

Deve-se atentar para a complexidade dos elementos da banheira de Vinicius. Significavam não apenas manias de um poeta, mas sim a abertura de seus horizontes, para um mundo essencialmente abstrato e ao mesmo tempo tão real.

O ‘escritório alternativo’ de Vinicius se tornava completo com a mesa improvisada, que não passava de uma simples tábua apoiada nas bordas da banheira, onde ele punha os livros e todo o material utilizado.
Em contrapartida, a bela história da banheira, que tantos frutos rendeu, termina com um trágico final.

O mesmo palco das grandes inspirações ou simplesmente das refeições diárias que davam força para o poetinha seguir além, serviria para pôr um ponto final ou uma vírgula em sua vida, que segue até hoje não só materializada em suas obras, como também no imaginário popular. O dia nove de julho de 1980 marcaria a morte de Vinicius e o derradeiro suspiro do poeta ocorreria justamente em sua tão querida banheira. Quisera o destino que esta imortal figura brasileira, marcada por um inigualável amor à vida, a deixasse no berço de suas magnifícas composições.


Durante a madrugada, Vinicius de Moraes veio a falecer após sentir-se mal. O poeta compunha a trilha do programa infantil Arca de Noé, da Rede Globo, e após alegar cansaço, dirigiu-se ao seu canto predileto para tomar um banho. Para a tristeza de seus familiares, fãs e admiradores, lá não resistiu, sendo vencido pela dificuldade em respirar, causada por um edema pulmonar agudo. Seu parceiro e amigo pessoal Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do álbum, juntamente a sua última esposa, Gilda Mattoso, tentou socorrê-lo, mas não houve tempo.

Soneto de Fidelidade e da inspiração

Por Anderson de Souza, Cecília Marella, Larissa Siqueira e Louise Biral


Publicado no livro "Antologia Poética" em 1960, pág. 96, o “Soneto de Fidelidade” ficou eternizado em nossos corações. Vários idiomas declamaram essa poesia .Percebemos que essa obra artística tornou-se a preferida quando o assunto é Vinicius de Moraes.“Figurinha carimbada” em questões de vestibulares e também em muitos casos substitui o, até então exaltado, “até que a morte nos separe” pelo “ que seja infinito enquanto dure”.


Trecho do poema Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Morais, foi pichado em um muro da cidade de Granada, Espanha
Foto: Blog do Noblat

Soneto de fidelidade
(Vinicius de Moraes)


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama larla
Mas que seja infinito enquanto dure

O soneto não embelezou somente obras literárias. Em 2001, a industria de perfumes Avon lança a "Coleção Mulher e Poesia - por Vinicius de Moraes", com as fragrâncias "Onde anda você", "Coisa mais linda", "Morena flor" e "Soneto de fidelidade".

Perfume Soneto da Fidelidade
Fonte: O Povo

Inconstante no amor (seus biógrafos dizem que teve, oficialmente, nove mulheres), um dia foi questionado pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, Poetinha, quantas vezes você vai se casar?". Num improviso de sabedoria, Vinicius respondeu: "Quantas forem necessárias."

Em 2006, é lançado o filme “Vinicius” dirigido por Miguel Faria Jr. No filme a responsabilidade de recitar o soneto consagrado do poeta fica com a atriz Camila Morgado.





Video: Caverna Vinicius

No mesmo ano a família do autor do Soneto de Fidelidade veta a inclusão da música, de mesmo título, no cd de Jorge Vercilo. A interpretação feita pelo cantor era de mera singularidade.


Em 2007, a joalheria “Amsterdam Sauer” lançou a coleção Vinícius de Moraes em comemoração aos seus 65 anos. As jóias eram grafadas com trechos do Soneto de Fidelidade.




Foto: Amsterdam Sauer - Coleção Vinicius de Moraes

Helô Pinheiro: A consagrada Garota de Ipanema por Vinicius e Tom

Por Carla Gonçalves e Flavia Aloy



E foi uma moça de apenas 15 anos cheia de luz e de graça, do tom de pele dourada, que passava diariamente em frente ao bar Veloso, Ipanema, que fazia os poetas suspirarem.Esta era Heloisa Eneida Menezes Pinto, que fazia ambos se derreterem com o balanço de seu andar. E durante 3 anos, os compositores a observaram de longe, quando passava pelo cruzamento de Montenegro e Prudente de Moraes, ao encontro da praia de Ipanema.

Foi assim, mediante à olhares discretos entre uma cervejinha e outra, que a garota, mais conhecida como Helô Pinheiro, se tornou a musa de inspiração da canção “ Garota de Ipanema” (clique e assista). Esta canção, que a princípio não tinha musa, se chamava menina que passa, mas a letra nada lembra a garota “...vinha cansado de tudo, de tantos caminhos, tão sem poesia, tão sem passarinho, com medo da vida, com medo de amar...”. Somente com surgimento de Heloisa, que a letra ganhou melodia, brilho sendo reproduzida de forma tão fascinante. Foi em sua casa em Petrópolis, que Vinicius mostrou a letra à Tom, que a musicou na sua residência na Barão da Torre.

Finalmente em 65 a canção foi lançada. Para eles, Helô era o paradigma do broto carioca, tornando – a conhecida pelo mundo inteiro como a querida Ipanema, porem esta, só descobrira 2 anos e meio mais tarde, já com namorado, que teria sido a fonte de inspiração da canção. “ Para ela fizemos, com todo o respeito e mudo encantamento, o samba que a colocou nas manchetes do mundo inteiro” disse Vinicius. Assim, Garota de Ipanema ultrapassou fronteiras, ganhando a atenção mundo a fora, tornou-se a mais famosa da bossa nova e MPB sendo esta uma das canções mais executadas do planeta.

Sua admiração foi tamanha, conquistou ícones da música e foi interpretada por Frank Sinatra, Madonna, e a diva do jazz Ella Fitzgerald, alem do próprio Tom e João Gilberto.“ Se não fosse Garota de Ipanema, que fiz com Vinicius e gravei com Sinatra, a essa altura eu estaria fazendo jingles para a televisão e pagando papagaio em bancos” disse Tom , referindo-se a seu maior sucesso comercial.
A canção foi gravada cerva de 40 vezes no Brasil e nos Estados Unidos.

Com o sucesso de Tom e Vinicius, outros parceiros entraram em cena, porem a amizade durou até a morte do poeta em julho de 1980 “ dizem que é comum a briga entre parceiros. Acho que eu e Vinicius quebramos esse tabu. Há anos fazemos muitas concessões. E, quando chegamos à conclusão que alguma coisa não pode ser, nenhum dos dois se aborrece.” Concluiu Tom Jobim.

Números e conquistas à parte, o que valeu foi a importância que teve da “menina que vem e que passa”. “ O cara para de tomar um chopp e olha para a garota, não é? É claro que quando a gente fez, não pensou em nada disso. A gente só via a garota passar, o Vinicius era casado, eu era casado e a garota que passava por ali, era muito jovem”. “Nem cantávamos para ela quando passava, primeiro porquê não podia tocar violão no botequim (..) Nossa atitude era bem discreta. Inclusive, a garota era filha de um general do SNI. Mas nós não sabíamos disso. Nós estávamos ali por causa do chopp, não é?”, lembrou Tom em uma entrevista.

E foi assim, em um simples bar, entre gelados chopps, que visualizaram a menina que era um misto de flor e sereia, cheia de luz e de graça que consagrou e deu a origem à apoteose poética e musical do voyeurismo de boteco carioca “Garota de Ipanema”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Vinicius através do tempo

Por Mauricio Sangama

Levando em consideração os vinte e nove anos da morte do multiartista Vinicius de Moraes e movimentos comerciais de viés mais filantrópico que lucrativos chamados sebos, verifiquei a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado no que se pode entender de literatura que é consumida hoje em dia e o que pode ser considerado instrumentos de comunicação atemporais.
Fazendo uma pequena pesquisa a partir de um questionário simples foi visto que a relevância sine qua non das mais diversas obras relacionadas do artista, se tornaram mais que um lugar na estante e sim uma moeda de valor cultural para qualquer estabelecimento que disponibilize cultura e saber para os sedentos de obras antigas e valores em papel físico que não são tão mais valorizados pelos mais novos leitores de obras virtuais.

Foto: Mauricio Sangama

Apesar de passadas quase três décadas desde sua morte, inúmeros produtos como filmes, videografias, textos relidos e afins se misturam com suas obras antigas, gerando uma modernização para o público jovem e antenado que consome música e poesia em geral. O público que vai a busca das publicações em questão, não é apenas o contemporâneo do artista, pessoas acima de 60 anos, mas também leitores e curiosos que nasceram bem depois da morte do poeta, leitores de até 30 anos. Os materiais mais procurados pelos que frequentam os sebos vão de antologias poéticas até pequenas resenhas críticas do autor, rasgadas, mofadas e claro, usadas, condições mínimas necessárias para que estejam em um sebo.

Cheguei ao Lenorado da Vinci, conceituado sebo entre o grande número de iguais no centro da cidade do Rio de Janeiro, este já foi capa de revista, já mereceu notas em jornal e um sem número de matérias relacionadas. Conversando com um pouco com o dono do sebo, Silvio Guimarães Nascimento e descobri que livros e assuntos de décadas e até de séculos passados ainda são de interesse comum de muitos leitores jovens.

Importância de Vinicius de Moraes na cultura nacional

Silvio Guimarães Nascimento, proprietário do Leonardo daVinci
Foto: Mauricio Sangama

Em relação a Vinicius de Moraes ele declara:
“Vinicius tem total importância na história cultural brasileira, foi um homem que gerou conceito dentro das mais diversas artes, seja ela musical, literária e até teatral, além de navegar pelos mares políticos como diplomata.“Seus livros são do tipo que não ficam parados nas prateleiras; é muito complicado achar um livro agora para apresenta para você, existem encomendas de livros de mais de trinta anos de idade.” E conclui: “Gosto de suas obras porque refletem o sentimento e o amor, dificilmente lemos com tanta intensidade um autor brasileiro falar sobre amor nos dias modernos.”

O legado de Vinicius vai muito além de sua fama; suas obras e releituras, ultrapassou a linha do tempo e da razão e chegou ao século XXI com o fôlego de um jovem poeta. Se fizer uma pesquisa por grandes casas multimídias, o interessado poderá encontrar mais de 120 produtos relacionados ao artista que vão desde um simples CD de música, gravado de um LP de lançamento ano 1965, até álbuns completos, fornecendo DVDs, CDS e um livro. Sua família também sustenta uma pequena loja de antigas novidades em Ipanema, casualmente, na rua batizada com seu nome onde também se localiza o bucólico restaurante também com seu nome, onde, segundo reza a lenda, nasceu a música “Garota de Ipanema”.
Não há dúvidas, Vinícius vive!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Banheira FM

Por Rosbergue Alves da Rocha

A música sempre esteve presente na vida de Vinicius de Moraes. Sua avó materna e sua mãe eram pianistas, seu pai, além de escrever poesia, tocava violão. Em 1953, Vinicius compõe seu primeiro samba, “Quando tu passas por mim”, criando letra e música. Em Paris, em 1955, compõe uma série de canções de câmara junto do maestro Cláudio Santoro.

Mas é em 1956 que ocorre o encontro que viria a mudar os rumos da música popular brasileira: Vinicius convida Antonio Carlos Jobim para criar a trilha sonora de sua peça “Orfeu da Conceição”, dando início à parceria que ainda incluiria João Gilberto e daria origem à bossa nova.

Todos nós sabemos que Vinicius deu uma grande contribuição para nossa música brasileira. Pensando nisso, resolvemos contar um pouco sobre a sua trajetória no mundo da música, através de um programa radiofônico. O objetivo é contar uma história envolvendo o “Poetinha” e a música, passando pelos grandes sucessos de Vinicius.



Clique play e escute e Banheira FM. Caso não consiga ou queira escutar depois, clique aqui para download.

Locução de Rosbergue Rocha - Colaboração de Flávia Martins.